60,9% acham que Bolsonaro é o responsável pelo atraso da vacinação, diz Pesquisa Fórum

Maioria diz que o presidente errou ao não comprar vacinas no ano passado; pesquisa mostra ainda que o brasileiro está acompanhando a CPI

Bolsonaro não se empenhou para comprar vacinas, mas foi o garoto-propaganda da cloroquina, sem eficácia para a Covid (Foto: Reprodução)
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A 9ª edição da Pesquisa Fórum, realizada em parceria com a Offerwise, mostra que para a maioria dos brasileiros o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é responsável pelo atraso na vacinação do país e errou ao não comprar vacinas em 2020. A maioria acredita ainda que, se ele tivesse agido rapidamente, a situação econômica poderia estar melhor.

Para 60,9% dos entrevistados, Bolsonaro é o responsável pelo atraso, apenas 29,5% disseram que ele não é e 9,6% não souberam responder. Mulheres, jovens, mais escolarizados e com maior renda são os que mais consideram o presidente culpado pelo atraso na vacinação. Entre as mulheres, 65,1% acham Bolsonaro responsável, e 56% dos homens não.

Entre quem tem de 16 a 24 anos, 70,4% acreditam na responsabilidade de Jair Bolsonaro, e só 18,9% dizem que ele não tem culpa. Por outro lado, entre os mais velhos, com 60 anos ou mais, 54,3% consideram o presidente responsável e 40,5% dizem que não.

Para quem tem ensino superior, 64,2% afirmam que Bolsonaro é responsável, contra 30,8% que negam. Entre os que têm ensino fundamental, são 52,5% que acham Bolsonaro responsável, contra 32,6%.

Entre quem tem renda de cinco a dez salários mínimos, 71,5% dizem que Bolsonaro é responsável, já entre os que recebem até dois salários, 55,7% acreditam na responsabilidade do presidente.

Brasileiros ligados na CPI

Chama a atenção o número de brasileiros que está acompanhando a Comissão Parlamentar de Inquérito instaurada no Senado para apurar a conduta do governo federal durante a pandemia. A CPI já revelou como o governo Bolsonaro negligenciou a compra de vacinas e apostou em tratamentos sem eficácia comprovada e na imunidade coletiva (chamada de rebanho), para que o maior número de pessoas se contaminasse com o coronavírus. Nesta sexta-feira (25) mostrou ainda como Bolsonaro soube do esquema para a compra da vacina Covaxin, mas nada fez a respeito.

A Pesquisa Fórum mostra que 58,7% dos entrevistados responderam que estão acompanhando a CPI. Entre os mais velhos, com 60 anos ou mais, são 80,6% dos entrevistados e entre quem tem ensino superior, 75,8%. Entre quem recebe de cinco a dez salários mínimos são 83,4%.

E-mails da Pfizer sem resposta

A CPI da Covid mostrou que o governo Bolsonaro deixou de responder 101 e-mails da farmacêutica Pfizer tentando oferecer a sua vacina. No ano passado, a empresa ofereceu 70 milhões de doses ao Brasil, com entrega ainda em dezembro de 2020. A 9ª Pesquisa Fórum aponta que a maioria dos brasileiros ficou sabendo que o governo ignorou a empresa: 59,4% afirmam que ficaram sabendo, 28,5% não ficaram e 12,1% não souberam responder. Novamente, tiveram mais conhecimento desse caso os mais velhos acima de 60 anos (65,6%), com ensino superior (79,1%) e com renda mensal de cinco a dez salários mínimos (80,7%).

Bolsonaro errou ao não comprar vacinas

A maioria da população acredita que o presidente Jair Bolsonaro errou em não se emprenhar para comprar vacinas no ano passado. Vale lembrar que, além de não responder os e-mails da Pfizer, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, disse à CPI da Covid que, em outubro de 2020, o governo Bolsonaro recusou oferta para a compra de 100 milhões de doses da vacina Coronavac, produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. A previsão de entrega era de 60 milhões de doses até dezembro do ano passado. Para 63,5%, Bolsonaro errou, para 22,4% ele acertou e 14% não responderam.

Bolsonaro é responsável pelas mortes?

Já quando a questão é sobre a responsabilidade de Jair Bolsonaro por parte das mais de 500 mil mortes pela Covid-19 no Brasil, a população está dividida: 44,1% acham que ele é responsável e 44,3% dizem que não.

As mulheres, os mais jovens, mais escolarizados e com maior renda são os que creem mais na responsabilidade do presidente pelas mortes. Entre as mulheres, são 47,2% que dizem sim e 39,1%, não; entre os homens, 40,6% que acreditam na responsabilidade e 50,1%, não.

Entre quem tem 16 a 24 anos, 49,5% dizem que Bolsonaro é responsável e 38%, não. Entre quem tem ensino superior, 53,4% dizem que sim e 39,8%, não. Entre os que têm renda de cinco a dez salários mínimos, 63,8% afirmam que sim, e 32,3%, não.  

Atraso na vacinação piorou a economia

A grande maioria dos brasileiros tem consciência dos efeitos do atraso na vacinação para a recuperação da economia. Para 69,1% dos entrevistados se a vacinação tivesse ocorrido de forma mais rápida o Brasil teria menos problemas nessa área, 21,8% dizem que não e 9% não souberam responder.

Esse índice é ainda maior entre mulheres (75,1%), os mais jovens de 16 a 24 anos (76,3%) e entre quem ganha de cinco a dez salários mínimos (76,6%).

Pesquisa inova com metodologia

9ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 21 e 24 de junho, em parceria com a Offerwise, e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.

O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”

Molinari registra que pesquisas feitas em ruas ou nos domicílios costumam ter margem de erro menor. “Porém sabemos que 90% da população brasileira possui acesso à telefonia celular e, especificamente na situação de quarentena que estamos vivendo, o método online é mais seguro do que o pessoal e sempre é menos invasivo que o telefônico.”

Pouco usado para pesquisas de opinião no Brasil, os painéis online são adotados como método de pesquisa no mundo todo, segundo Molinari. E regulamentados pelas principais associações de pesquisa. “Os painéis hoje são amplamente utilizados para pesquisas de satisfação, imagem de marca, qualidade de produtos e serviços, opinião, entre outras”, acrescenta.