Apesar do crescimento de Lula, proporção de direita e esquerda se mantém estável no Brasil

O país tem 47% da população se dizendo de direita ou centro direita, enquanto 21,9% está no espectro da esquerda

Foto: Juca Varella/Agência Brasil
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O número de brasileiros que se diz de esquerda e de direita permaneceu estável nos últimos meses mesmo com o crescimento da popularidade do ex-presidente Lula (PT) em uma eventual candidatura à presidência em 2022. O levantamento consta na 8ª edição da Pesquisa Fórum, realizada entre 12 e 16 de março, em parceria com a Offerwise.

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O levantamento já havia mostrado que, se a eleição fosse hoje, o ex-presidente Lula venceria Jair Bolsonaro no segundo turno e ficaria à frente já no primeiro em um cenário mais concentrado com apenas quatro candidatos, sendo os outros dois Ciro Gomes e João Doria.

Com a anulação das denúncias da Lava Jato de Curitiba contra Lula e o crescimento da popularidade do petista em um cenário eleitoral, esperava-se um aumento no número de pessoas assumindo um posicionamento político alinhado à esquerda. Contudo, a variação foi mínima e está dentro da margem de erro de 3,2 pontos porcentuais da pesquisa.

Em novembro de 2020, 47,3% da população se dizia de direita e centro direita no Brasil, enquanto 30,8% se considerava de centro e 21,9% de esquerda ou centro esquerda. No novo levantamento, de março deste ano, 47,1% afirmam ser de direita, 31% de centro e 21,9% de esquerda, a mesma porcentagem do levantamento anterior.

Em relação aos meses anteriores, a variação também foi pequena. Em junho de 2020, 49,4% da população se dizia de direita e 20,8% de esquerda, uma variação de 2,3 e 1,1 pontos porcentuais, respectivamente, em relação ao levantamento de março.

A direita no Brasil

A 8ª edição da Pesquisa Fórum também estabeleceu um perfil para cada posicionamento político no país. Segundo o levantamento, a maioria (39,2%) das pessoas que se dizem de direita no Brasil são homens, enquanto 37,9% são mulheres.

Além disso, a maioria tem idade entre 16 e 24 anos (45,3%), ganha até dois salários mínimos (44,5%) e mora na região Norte do país (56,2%). Em relação à ocupação, 56,6% dos que se disseram de direita vivem de renda e 52,% são donas de casa.

A esquerda no Brasil

Em cenário oposto ao da direita, a maioria das pessoas que se dizem de esquerda no Brasil são mulheres. A pesquisa mostra que, do total de entrevistados, 18,2% são mulheres e 10,8% são homens. A maioria (20%) tem idade entre 35 e 44 anos, possui uma renda entre 2 a 3 salários mínimos (17,3%) e está desempregado (37,1%).

Em relação às regiões do país, a maioria das pessoas de esquerda são do Nordeste (20,4%), com destaque para o Alagoas (18%).

Pesquisa inova com metodologia
A 8ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 12 e 16 de março, em parceria com a Offerwise, e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.

O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”

Molinari registra que pesquisas feitas em ruas ou nos domicílios costumam ter margem de erro menor. “Porém sabemos que 90% da população brasileira possui acesso à telefonia celular e, especificamente na situação de quarentena que estamos vivendo, o método online é mais seguro do que o pessoal e sempre é menos invasivo que o telefônico.”

Pouco usado para pesquisas de opinião no Brasil, os painéis online são adotados como método de pesquisa no mundo todo, segundo Molinari. E regulamentados pelas principais associações de pesquisa. “Os painéis hoje são amplamente utilizados para pesquisas de satisfação, imagem de marca, qualidade de produtos e serviços, opinião, entre outras”, acrescenta.