Apesar da popularidade do presidente Jair Bolsonaro ter continuado em alta em agosto, o ex-capitão lida com altos índices de rejeição entre alguns grupos, como é o caso das mulheres e estudantes. Os dados constam na 5ª edição da Pesquisa Fórum, realizada entre os dias 21 e 24 de agosto. A pesquisa é feita em parceria com a Offerwise, sob a coordenação de Wilson Molinari.
Apesar dos mais de 124 mil mortos na pandemia do coronavírus e mais de 4 milhões de casos confirmados, 52,9% dos entrevistados disseram aprovar a gestão de Bolsonaro. O número representa um leve crescimento em relação a julho, quando 49,1% avaliaram positivamente o governo. Com isso, 47,1% disseram rejeitar Bolsonaro em agosto, enquanto 50,9% diziam o mesmo no mês passado.
Os recortes da pesquisa, no entanto, mostram que certos grupos podem representar uma ameaça ao presidente. Enquanto 37,7% dos entrevistados homens rejeitam o governo Bolsonaro, 55% das mulheres desaprovam Bolsonaro. Em relação aos estudantes, 63,8% disseram não aprovar o presidente, sendo que 91,5% é estagiário ou aprendiz. O índice de rejeição também é alto entre funcionários públicos (50,7%) e empresários (48%).
Entre os jovens (16 a 24 anos), Bolsonaro tem a pior aprovação: 61% desaprovam o governo.
Em relação às regiões do país, o Distrito Federal é onde se concentra a maior desaprovação de Bolsonaro: 52,4%. Em seguida, aparece o Nordeste, com 49,5% de rejeição ao ex-capitão. Amapá (77,8%) e Rio Grande do Norte (62,1%) são os estados que lideram neste índice. Todas as variações ficam dentro da margem de erro da pesquisa, de 3,2 pontos percentuais.
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No recorte de religião, os ateus e agnósticos são os que mais desaprovam o governo (81,1%). Em seguida, vem os que se dizem seguidores de religiões afro-brasileiras, com 65,5% de desaprovação. Já entre os evangélicos, o governo Bolsonaro tem 70,4% de aprovação.
Auxílio emergencial
O índice de aprovação se mantém estável entre quem recebe e quem não recebe o auxílio emergencial de R$ 600 do governo, criado para ajudar desempregados e trabalhadores informais na pandemia. O benefício foi visto como um dos principais fatores para a melhora na popularidade do presidente nos últimos meses.
No entanto, 51,6% dos que recebem as parcelas disseram desaprovar Bolsonaro. O número é similar com a desaprovação daqueles que não recebem o auxílio: 49,8%. Além disso, para 13,8% dos que receberam o auxílio emergencial, a avaliação do presidente melhorou após o recebimento do auxílio, enquanto 19,1% disseram que a percepção ao governo continuou a mesma.
Apesar dos números apontarem uma rejeição alta entre quem recebe o auxílio, Bolsonaro tem investido no programa como estratégia para impulsionar a sua popularidade e fazer campanha para 2022. Nesta terça-feira (1º), o presidente anunciou que vai prorrogar o benefício por mais quatro meses. O valor, no entanto, cairá pela metade: cada parcela será de R$ 300. No início da pandemia, o governo Bolsonaro queria pagar apenas R$ 200 aos trabalhadores, mas parlamentares da oposição atuaram para elevar cada parcela para R$ 600.
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Pesquisa inova com metodologia
A 5ª Pesquisa Fórum foi realizada entre os dias 21 e 24 de agosto e ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do país. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.
O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar. No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”
Molinari registra que pesquisas feitas em ruas ou nos domicílios costumam ter margem de erro menor. “Porém sabemos que 90% da população brasileira possui acesso à telefonia celular e, especificamente na situação de quarentena que estamos vivendo, o método online é mais seguro do que o pessoal e sempre é menos invasivo que o telefônico”, sustenta.
Pouco usado para pesquisas de opinião no Brasil, os painéis online são adotados como método de pesquisa no mundo todo, segundo Molinari. E regulamentados pelas principais associações de pesquisa. “Os painéis hoje são amplamente utilizados para pesquisas de satisfação, imagem de marca, qualidade de produtos e serviços, opinião, etc”, acrescenta.