Donald Trump

Trump e Netanyahu juntos, em 2030, em um asilo psiquiátrico

A paz, enfim, reina: trancada a sete chaves, com camisa de força e receita controlada

Escrito em Opinião el
Piauiense, de Teresina, e reside em São Paulo desde os três anos de idade. Além de cronista e frasista juramentado, é sócio-fundador do grupo de humor Língua de Trapo.
Trump e Netanyahu juntos, em 2030, em um asilo psiquiátrico
Trump e Netanyahu juntos, em 2030, em um asilo psiquiátrico. Grok

Atenas, 2030.

O asilo psiquiátrico “Midnight Hammer” abriga hoje dois ilustres pensionistas: Donald J. Trump, ex-presidente dos Estados Unidos da América, e Benjamin “Bibi” Netanyahu, Primeiro-Ministro de Si Mesmo.

O Oriente Médio atualmente é uma lembrança vaga, fumegante, algo entre uma cratera e uma instalação artística de Banksy.

Trump e Bibi se reencontram numa sala acolchoada decorada com bandeiras israelenses feitas de camisetas da Ivanka (hóspede da mesma instituição) e posteres do Monte Sinai rabiscados com canetinha Sharpie.

Trump, vestindo um roupão com estampas de mísseis e hambúrgueres, segura um boneco de pelúcia de Mahmoud Abbas com um botão onde lê-se: “YOU’RE FIRED”.

Netanyahu, com seu terno risca de giz, está com uma lira. Ele jura ser a mesma que tocava enquanto Teerã queimava. E murmura em hebraico:

- Foi tudo por segurança.

- Segurança? Você quer dizer Miss Securetta, a stripper que que conheci no G20! – exclama Trump.

Ambos foram internados após tentarem declarar guerra preventiva contra a Síria, pela 17ª vez, usando um drone de brinquedo e um iPad com o jogo SimCity instalado.

Nas sessões de terapia em grupo, eles competem por atenção. Trump grita que venceu três guerras sozinho com tweets. E que o Muro das Lamentações é, na verdade, um de seus empreendimentos rebatizado por assessores de marketing. Netanyahu refuta dizendo que é a reencarnação de Moisés com uma conta em Genebra e mísseis balísticos no lugar das tábuas.

O psiquiatra, um imigrante iraquiano, apenas anota: “Delírios de grandeza acompanhados de amnésia seletiva e piromania.”

Às sextas-feiras, os dois organizam o “Shabat Geopolítico”: uma ceia simbólica onde Trump parte um Big Mac ao meio enquanto Netanyahu recita versículos modificados do Êxodo, com instruções de como privatizar a Terra Prometida.

Fora do asilo, os destroços do Oriente Médio são empacotados em kits e vendidos no duty-free do aeroporto de Dubai: um punhado de areia radioativa, uma hélice de drone e um manual de como começar sua própria guerra contra inimigos imaginários.

O deserto é agora um parque temático controlado por ex-funcionários do Mossad e influenciadores de Miami. O petróleo acabou. Mas há recuerdos: miniaturas do Muro de Trump com trechos do Antigo Testamento impressos em Comic Sans.

Os ex-políticos jogam WAR na ala psiquiátrica. Um lança um peão sobre o mapa e berra:

- Pax Americana!

O outro ri, afaga a própria calvície, e diz:

- Shalom, baby.

A paz, enfim, reina: trancada a sete chaves, com camisa de força e receita controlada.

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