MILTON NASCIMENTO

VÍDEO: Milton Nascimento visita a quadra da Portela em noite emocionante

Bituca é o primeiro artista a ser homenageado em vida pela escola de Madureira; ele ainda cantou; veja aqui

Milton Nascimento no ensaio da Portela.Créditos: Divulgação
Escrito en OPINIÃO el

Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar
Anjo negro é o Sol que faz a Portela cantar

Foi ao som do refrão que evoca o encontro da sacerdotisa e arquétipo feminino do Candomblé com o pai de todos os orixás, que o cantor e compositor mineiro Milton Nascimento chegou na noite desta quarta-feira (12), à quadra da Portela. A mítica escola de Madureira homenageia Bituca, como é conhecido carinhosamente desde menino.

Esta é a primeira vez que a Portela transforma em enredo a trajetória de alguém que está vivo. O precedente, por si só, não carece de explicações e é prenhe de justificativas. A trajetória e a obra de Milton abrem qualquer porta do planeta. São “as flores em vida”, como bem diz o verso da canção do mangueirense Nelson Cavaquinho e seu parceiro Guilherme de Brito.

E foi pela porta da frente da quadra da Portela que Bituca entrou, nos braços do povo. Não é, nem de longe, exagero afirmar que virar enredo de uma escola é a maior glória que um artista brasileiro pode ter. É neste momento que a sua trajetória, por mais sofisticada ou popular que possa ser, se justifica plenamente, se completa. Um dos maiores artistas do mundo é o tema da maior festa popular do planeta.

O enredo “Cantar Será Buscar o Caminho que Vai Dar No Sol - Uma Homenagem a Milton Nascimento”, é de autoria dos carnavalescos André Rodrigues e Antônio Gonzaga. Já o belo samba-enredo foi composto a sete mãos pelos compositores Brian Ramos, Deiny Leite, Fabricio Sena, Felipe Sena, JP Figueira, Paulo Lupita e Samir Trindade.

Bituca foi ver o ensaio e, de quebra, cantou trechos de duas de suas canções que são citadas no enredo: “Maria Maria” e “Nos Bailes da Vida”. A primeira no verso chave: “Quem acredita na vida não deixa de amar” e a segunda no próprio título do samba.

O estado de emoção que tomou conta de todos, homenageado, comunidade, diretoria, músicos e demais envolvidos foi indescritível. Milton não é sambista, mas sua música do mundo vem também do samba e de várias expressões afro-americanas, entre elas os batuques de Minas Gerais, como a Congada e o Reisado.

Em sua obra, como diz o samba da Portela, que abre com a citação musical da canção “Raça”, dele e de Fernando Brant, seu parceiro mais constante, dá pra ver “Zumbi no céu da canção”. E, logo adiante, a referência genial ao mestre, artista seminal da escola: “Onde Candeia é chama brilha Milton Nascimento”.

A dimensão da obra de Milton Nascimento é imensa. Muitas vezes não nos damos conta da história enquanto ela se passa, bem diante de nós. A Portela, com seu enredo maravilhoso, vem neste carnaval nos lembrar disso.

Veja os vídeos abaixo:

 

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