Candidato do PSOL à prefeitura da cidade de São Paulo, Guilherme Boulos foi o entrevistado da Central da Globo News na noite da quarta-feira (29). Preparado, o ex-líder do MTST não fugiu de nenhuma questão e foi instado a falar sobre a execução do hino nacional com linguagem neutra durante comício na zona sul da capital paulista, realizado no último sábado.
De maneira direta, Boulos reforçou o comunicado de sua campanha e afirmou que o uso da linguagem neutra foi um improviso da cantora e que, por causa disso, a produtora responsável pelo evento foi desligada da campanha.
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Em seguida, foi questionado se a linguagem neutra fará parte da diretriz programática de uma futura gestão sua à frente da cidade de São Paulo, e Boulos foi enfático: "não".
"Não terá [linguagem neutra]. Eu respeito quem utiliza, quem considera, eu não acho que tenha que ser criminalizada, agora você tem que dialogar com a sensibilidade do conjunto da sociedade", disse Boulos.
Provocado se não estaria dando às costas para pautas históricas da esquerda e do PSOL, Boulos consertou o enredo:
"O meu partido defende sim que a população LGBT seja tratada com os mesmos direitos, sem preconceitos, sem violência, sem discriminação. O meu partido tem pautas fortes contra o racismo, tem pautas fortes em defesa dos direitos das mulheres, assim como tem pautas fortes no combate à desigualdade social, que é um grande problema da cidade de São Paulo."
Com isso, Guilherme Boulos coloca a questão da linguagem neutra em seu devido lugar, e qual é? Nas discussões, nas formulações acadêmicas e, quem sabe, mais à frente o debate sobre o gênero neutro avance sobre a sociedade... que tudo leva a crer que isso vai/já está ocorrendo.
A atitude de Guilherme Boulos é acertada e visa desmontar a estratégia da extrema direita: ao defender as políticas públicas para as LGBT, mulheres e pessoas negras, o candidato do PSOL evita que os radicais da direita usem a linguagem neutra para derrubar qualquer política de direitos humanos, que é o objetivo final dos conservadores e reacionários.
O que é importante destacar da declaração de Boulos: o candidato não se colocou contra a linguagem neutra, manifestou o seu respeito, mas fez um risco no chão e afirmou que ainda não é hora para isso ser discutido em termos governamentais, que a população da cidade de São Paulo tem pressa - e tem manifestado isso nas pesquisas - na melhoria da saúde, segurança e educação.
A operação do candidato é dupla: desmonta o espantalho da extrema direita e defende os direitos das populações mais vulneráveis da capital paulista. Mantém, dessa maneira, o plano histórico da esquerda: a justiça social e a construção de uma cidade que seja, de fato, democrática para todos.
Por fim, cabe destacar que a atitude de Guilherme Boulos foi segura e muito melhor do que a de várias pessoas do campo da esquerda, que partiram para ataques LGBTfóbicos e alguns até mesmo exigiram que o candidato se desculpasse pelo ocorrido - pasmem! Com uma fala firme e que olha para as mulheres, LGBT e pessoas negras, Boulos saiu maior dessa crise e mostra, mais uma vez, por que é o candidato que polariza e ameaça a extrema direita na capital paulista.