FASCISMO NEOLIBERAL

Quaest mostra que Lula acertou em entrevistas e sinaliza caminho para Haddad

Pesquisa revela que repercussão da entrevista assertiva à CBN rendeu bons resultados a Lula, que conquistou apoiou da maioria absoluta da população para confrontar o fascismo neoliberal da mídia, de Bolsonaro e de Campos Neto

Lula na entrevista à CBN em 18 de junho.Créditos: Ricardo Stuckert / PR
Escrito en OPINIÃO el

Pesquisa Quaest divulgada nesta quarta-feira (10), com aprovação pessoal de Lula em 54%, revela que o presidente acertou o tom nas recentes entrevistas e atingiu boa parte dos eleitores, bombardeada com fake news e discursos de ódio da ultradireita bolsonarista desde 2018.

Em entrevista assertiva à mídia liberal, no dia 18 de junho na CBN, rede de rádios do grupo Globo, o presidente expôs os interesses do chamado "mercado" e da mídia liberal em torno da chamada "austeridade" e dos "gastos" no orçamento, desnudou o conluio em torno da chamada "terceira via", fez uma comparação certeira entre os "paladinos da justiça" Roberto Campos Neto e Sergio Moro, colocou a "taxa das blusinhas" no colo de Arthur Lira (PP-AL) e cobrou as entidades patronais dos subsídios sem contrapartida dados por Jair Bolsonaro.

O resultado é claramente revelado na pesquisa Quaest, que mostra que 66% dos entrevistados concordam com as críticas de Lula à política de juros levada a cabo por Campos Neto no Banco Central.

O estudo mostra ainda que há uma avenida para Lula explorar a politização do tema, visto que 69% não sabiam Campos Neto foi indicado por Jair Bolsonaro (PL) para o cargo.

A estratégia de Lula foi bem recebida e 41% dos entrevistados pela Quaest souberam das entrevistas dadas pelo presidente.

A repercussão, principalmente pelas emissoras de TV - vista por 36% como principal meio para se informar sobre política - ajuda na narrativa para informar principalmente os 30% que avaliam o governo como "regular".

O mesmo percentual, que avalia como negativo o governo, tem que ser disputado nas redes sociais, meio onde o governo ainda patina e é usado por 31% para se informar sobre política.

Mais propensas às fake news, as redes são o principal meio usado pelos bolsonaristas - 40% - para se informar sobre política, seguido da TV, com 32%. 

Entre os eleitores de Lula, a situação se inverte: 43% usam a TV e 26% as redes sociais. Entre os "isentos", há um empate em 34% sobre como se informa sobre política.

Nichos

O acerto na comunicação pode ser comprovado também nos nichos de eleitores. Lula voltou a ganhar fôlego entre o eleitorado feminino, subindo 3 pontos - de 54% para 57%.

Entre os homens, segue o empate técnico, mas em situação inversa da pesquisa anterior. A aprovação subiu de 47% para 50%, enquanto a desaprovação caiu de 51% para 47%.

Em relação à idade, o presidente lidera em todas faixas etárias, mas chama a atenção a alta entre os eleitores de 35 a 59 anos - onde se concentra boa parte dos bolsonaristas: a aprovação passou de 50% para 56%, enquanto a reprovação caiu de 48% para 41%

O presidente seguem tendo maior aprovação no Nordeste (69%), mas agora só tem reprovação menor no Sul - 54% a 43%. No Sudeste foi registrado um empate em 48%. Já no Centro-Oeste/Norte, a aprovação de Lula passou de 42% para 53%, enquanto a reprovação caiu de 50% para 42%.

A comunicação do governo também atingiu fortemente os eleitores evangélicos, onde a rejeição caiu de 58% para 52% e a aprovação subiu de 39% para 42%. Entre os católicos, Lula é aprovado por 60% e reprovado por 37% - que de 3 pontos em relação à pesquisa anterior.

Uma outra notícia positiva é em relação à renda. Lula bateu 69% entre os mais pobres - a maior aprovação desde o início do governo - e passou a ser aprovado também pela classe média, onde saiu de uma situação de empate em 49% para chegar aos 50% de aprovação, enquanto a reprovação recuou para 47%. 

Entre os mais ricos, com renda acima de 5 salários, a diferença caiu seis pontos: 54% reprovam (eram 58%) e 42% aprovam (eram 40%).

É a economia!

A pesquisa Quaest ainda sinaliza o caminho para Lula e, especialmente, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Apontado por 21%, a economia segue sendo o "principal problema" do país - seguido pela violência (19%) e questões sociais (18%).

Sobre as entrevistas, a maioria absoluta da população diz apoiar Lula na guerra contra o "mercado".

O estudo mostra que 90% concordam com Lula que o salário deve ter aumento acima da inflação todo ano. O tema é parte da queda de braço do presidente com o sistema financeiro e a mídia liberal, que querem congelar os aumentos para pagamento de dívidas com bancos.

Em relação à alta taxa da Selic, 87% concordam com o presidente. Outros 84% também fazem coro com Lula sobre a isenção de impostos às carnes consumidas pelos mais pobres. E na batalha com os banqueiros, 67% dizendo que o governo não deve satisfação ao mercado, mas aos mais pobres.

A posição de Lula em relação à economia é o principal ponto onde o governo pode conquistar os 30% da população que avaliam o governo como regular.

Na Quaest, 36% têm a percepção que a economia piorou nos últimos 12 meses e 28% que melhorou - outros 32% dizem que ficou do mesmo jeito.

A situação é inversa a de um ano atrás, quando 32% viam melhorias e 38% diziam que a economia estava do mesmo jeito - índices que superavam os 26% que diziam que piorou.

Outro dado econômico importante é o aumento da percepção da queda do poder de compra. Em um ano, o índice daqueles que diziam que o poder de compra piorou saltou de 37% para 63%.

A Quaest mostra uma tendência de queda após esse percentual atingir 67% em maio.

Em relação à expectativa, a maioria da população - 52% - segue confiante que Lula e Haddad farão melhorias nos próximos 12 meses. Outros 18% creem que tudo ficará do mesmo jeito, mas podem ser convencidos de que a economia vai melhorar.

É nesse ponto que a economia e a comunicação do governo devem convergir.

Atuar fortemente - especialmente junto à classe média - para aumentar o poder de compra dos brasileiros e informar sobre como isso tem sido feito.  

E é confrontando o "mercado" e seus representantes na política, que tem no bolsonarista Campos Neto seu expoente máximo, que Lula e Haddad podem mostrar a diferença entre um projeto de governo popular e uma gestão fascista dedicada a enriquecer ainda mais os endinheirados e aumentar o fosso da desigualdade social.

Veja os dados  da pesquisa na íntegra