REAÇÃO

Repúdio instantâneo e massivo ao PL do Estupro mostra força da resistência – Por Julian Rodrigues

Gilead é aqui, Gilead não é aqui

A luta contra o PL do Estupro.Créditos: Valter Campanato/Agência Brasil
Escrito en OPINIÃO el

Cada mergulho é um flash. Blitzkrieg, Desert Storm, tudo ao mesmo tempo agora. A avalanche de retrocessos chega em velocidade maior que a da luz. Experimentem ficar 48h sem ler notícias. Quando retornarem, o mundo terá piorado significativamente. 

A extrema direita não para, aqui e alhures. A vitória eleitoral de Lula foi um suspiro, um alento, nos deu mais tempo e esperança, deu maiores condições para resistir. Mas foi só isso. O bolsonarismo, o neofascismo, o fundamentalismo religioso seguem em brutal ofensiva, lépidos e faceiros. Comandam a agenda política e legislativa, pautam o debate público, impõem a agenda-setting.

Restringir ou eliminar os direitos sexuais e reprodutivos, ou seja, atentar contra a vida e dignidade das mulheres e LGBTI sempre esteve na pauta legislativa. Mas, nunca antes esse tipo de proposição teve tanta força no parlamento e na sociedade. Desde o golpe de 2016, mergulhamos num buraco profundo, do qual não saímos. Pior, seguimos em queda sem nem conseguir imaginar onde, afinal, está o fundo desse poço. 

Os fascistas, homofóbicos, machistas, racistas, negacionistas e estúpidos, em geral, saíram do armário. E mais, andam por aí orgulhosos de sua escrotidão. Legitimados. 

Esse zeitgeist, esse desolador esprit du temp no qual estamos mergulhados é que explica o avanço de aberrações legislativas como “o” (e não “a”, por favor, a palavra projeto é um substantivo masculino) PL 1904/24 de autoria de um pastor da Assembleia de Deus fluminense, filiado ao PL (Partido Liberal) que hoje é deputado. Não vou escrever o nome do verme oportunista.

O movimento LGBTI conhece a figura há anos. O problema é que esse tipo de fascistinha, em muito pouco tempo, passou da condição de minoria barulhenta e exótica a maioria social-parlamentar. A escória perdeu o pudor. Os bichos escrotos saíram do esgoto e vieram infestar nosso lar, nosso jantar e nosso nobre paladar. Rastejaram para fora de seus guetos fundamentalistas e agora mandam no país.

Enquanto a revolução não vem, enquanto não tivermos meios para julgá-los e puni-los - seja à maneira do guia genial dos povos, ou então pelos métodos compassivos do grande timoneiro - o que nos resta é muita luta política, ideológica e acionar a justiça burguesa, com base na legislação vigente.

Viva as mulheres! Viva a luta feminista!

Nossos corpos nos pertencem.

Aborto: as mulheres decidem, a sociedade respeita e o Estado garante.

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.