REFLEXÕES

Salve o 1º de Maio – por Chico Alencar

É uma injustiça inaceitável que os que produzem as coisas não tenham acesso a elas

Ato popular no 1º de Maio.Créditos: Paulo Pinto/Agência Brasil
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O dia 1º de Maio é, historicamente, ligado às lutas por melhores condições de trabalho. A data é uma homenagem à greve ocorrida em 1886, na cidade de Chicago, nos EUA, quando milhares foram às ruas em protesto por condições mais dignas, sobretudo pela redução de jornada.

Na época, além de cumprir um expediente de 13 horas diárias, os empregados eram submetidos a outras condições abusivas.

Após muita repressão, que durou até o dia 4, diversos manifestantes morreram e os líderes dos movimentos foram condenados à prisão e enforcados.

O movimento operário internacional transformou a data no Dia Internacional da Classe Trabalhadora, como é lembrado até hoje.

No 1° de Maio, celebramos a força, a resistência e a luta daqueles que produzem todas as riquezas de nossa sociedade. É do trabalho humano, e não do capital, que vem tudo o que nos garante a vida.

Tudo é feito pelo(a) trabalhador(a): o pão de cada dia, o teto, a condução, a roupa que vestimos, a água tratada que bebemos, a energia elétrica que usamos, o livro ou jornal que lemos.

Também vêm do trabalho criativo os bens educacionais e culturais - ditos imateriais - a que todo(a)s têm direito.

“Trabalhadores do mundo, uni-vos!”. O chamado de Marx e Engels, de 1848, segue atual: unidade na luta por salários decentes e por condições dignas de trabalho.

Na dinâmica da luta social, há avanços e recuos.

Se comemoramos o menor percentual de desempregados nos últimos 10 anos no país, ainda há 8,6 milhões de desempregados. Se o salário mínimo voltou a ter aumento real, ele continua muito insuficiente.

Condições dignas de trabalho estão longe de permear as relações entre patrões e empregados, principalmente nos grotões de nosso país. No dia 29 de abril, por exemplo, apenas três dias antes do 1º de maio, a PF libertou 70 pessoas numa mina subterrânea no Amazonas, em condições análogas à escravização.

As tecnologias digitais, que em tese seriam bem-vindas ao possibilitar a redução de jornada, auxiliar na busca por conhecimento, encurtar fronteiras nacionais, foram apropriadas pelo grande capital transnacional e hoje são usadas para precarizar as relações de trabalho.

Essa é a grande ameaça dos tempos atuais: a “uberização” das relações trabalhistas.

É uma injustiça inaceitável que os que produzem as coisas não tenham acesso a elas.

É preciso lutar por uma distribuição mais justa de todos os bens criados pelo trabalho humano. Avancemos nas lutas por Justiça Social!

*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.