Há 25 anos estreava nos cinemas do mundo todo o longa-metragem "Tudo Sobre a Minha Mãe" (1999), dirigido por Pedro Almodóvar e que se tornou sucesso - depois, um clássico - absoluto, isso por causa de sua abordagem sobre maternidades queers, ou seja, fora do padrão normativo. Impactante, a obra foi agraciada com o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2000.
"Tudo Sobre Minha Mãe" segue até hoje gerando calorosos debates sobre sexualidades, maternidades e identidade de gênero, e não é para menos, visto que o roteiro escrito pelo diretor Pedro Almodóvar subverte por completo aquilo que entendemos por família.
Te podría interesar
O que é uma família?
O ponto de partida da trama de "Tudo Sobre Minha Mãe" é a trágica morte do jovem Esteban (Eloy Azorín). Após assistir a uma peça de teatro com sua mãe, Manuela (Cecilia Roth), ele aguardava do lado de fora da casa do espetáculo pela atriz Huma (Marisa Paredes). No entanto, ao atravessar a rua, é atropelado e falece no mesmo dia em que completa 17 anos.
Te podría interesar
Despedaçada, Manuela retorna à Barcelona a fim de obter informações sobre a outra mãe de seu filho, a travesti chamada Lola (Toni Cantó), que sumiu sem deixar rastros. Nessa trajetória, ela reencontra uma grande amiga, a transexual Agrado (Antonia San Juan), que decide ajudá-la em sua busca.
Em Barcelona, Manuela descobre que a peça que assistiu com seu filho, "Um Bonde Chamado Desejo", está em cartaz e se torna uma espectadora constante como uma forma de se reconectar com Esteban.
Posteriormente, Manuela faz contato com Huma e torna-se sua assistente, o que vai causar atrito com a companheira da atriz, Nina (Candela Peña), que também atua na peça e luta contra o vício em heroína.
Nesse ínterim, Manuela conhece Rosa (Penélope Cruz), que é uma jovem assistente com viagem para El Salvador. Porém, Rosa não irá viajar, pois descobre que está grávida de Lola, progenitora de Esteban.
Com isso, essas quatro mulheres passam a viver conectadas e a partir daí somos tragados pelo universo criado por Pedro Almodóvar que, com muita delicadeza, aborda questões referentes à identidade de gênero, maternidades queer, amor e amizade.
Um filme à frente do seu tempo
Lançado em 1999, o filme "Tudo Sobre Minha Mãe" continua vanguarda em uma série de questões, por exemplo, as maternidades trans e identidade de gênero, que hoje vivem sob intenso ataque de grupos da extrema direita.
Além desses pontos, "Tudo Sobre Minha Mãe" continua na vanguarda por trazer uma abordagem completamente crítica e inovadora sobre o que é e o que configura uma família. Profundamente crítico, o filme de Pedro Almodóvar mostra que, mais do que laços sanguíneos ou normatividades binárias de gênero (Mãe x Pai), famílias são constituídas a partir do amor, lealdade e amizade.
Não à toa, há 25 anos o filme "Tudo Sobre Minha Mãe" encantava e emocionava LGBT+ do mundo todo, pois, pela primeira vez um filme com apelo popular e que, posteriormente, receberia um Oscar, abordava outras formas de configurações familiares, muito longe dos discursos excludentes que não aceitam famílias LGBT+.
Por causa de todas essas questões presentes no filme, tais como sexualidades, novas configurações familiares, identidade de gênero e maternidades trans, é que "Tudo Sobre Minha Mãe" permanece como um clássico absoluto e mais atual do que nunca.