"A História é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi e contra o que foi anuncia o que será" (Eduardo Galeano).
É preciso sim, e muito, rememorar os acontecimentos e interesses que deram origem ao golpe empresarial-militar de 1964 – perpetrado em 1º de abril de 1964. A narrativa da ditadura sempre defendeu que o golpe foi dado no dia 31 de março, para fugir da coincidência de, na mesma data, ser comemorado o Dia da Mentira.
Infelizmente, era verdade. O golpe abriu uma "página infeliz da nossa história" (de autoritarismo, censura, tortura, morte nos porões da repressão e perda de soberania).
Está aí, fresca na memória, a intentona de 8 de janeiro de 2023. O golpismo segue vivo em segmentos da sociedade brasileira, inclusive, nos altos escalões da oficialidade (o tenente-coronel Mauro Cid, ex- ajudante de ordens do capitão Bolsonaro, está detalhando).
Ter a História na mão (e na memória) é instrumento de consolidação da nossa ainda frágil democracia.
Foi em 13 de março de 1964 que aconteceu, na Central do Brasil (RJ), um expressivo comício, que reuniu 300 mil trabalhadores, estudantes e profissionais liberais.
O presidente João Goulart, presente, anunciou várias medidas das chamadas "reformas de base": a agrária, a dos aluguéis, a da remessa de lucro para o exterior, além da estatização de refinarias e outras iniciativas nacionalizantes.
A elite brasileira, que sempre reage a qualquer medida que possa alterar o sistema de desigualdade social secular, afetando seus privilégios, aprofundou suas articulações golpistas para derrubar o governo.
Daquela vez teve êxito. Contou com o apoio dos EUA e de parte significativa da classe média, assustada com o "fantasma do comunismo", em plena época da "Guerra Fria".
A grande mídia, para variar, fechou com os golpistas: os grandes jornais, todos, apoiaram o golpe militar.
E o Brasil viveu, por longos 20 anos, um áspero período de trevas.
**Este não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.