o menino nasceu, e como um souvenir de deus, o pequeno peralta já pulou da manjedoura operando milagres e fazendo estripulias.
deu um nó no rabo do porco, montou no lombo burro e saiu dando pinote pelas ruas desertas da palestina.
vive alegre e fagueiro como convém a um deus, conta piadas e recita poesias.
nasceu nu como um indígena e indigente como um refugiado.
nasceu livre, mas não em liberdade, pois viverá numa terra ocupada por estrangeiros.
não experimentará o sabor de uma lágrima, mas se nutrirá das deliciosas gargalhadas infantis.
morrerá em breve, magro, cabisbaixo e com uma coroa de espinhos a lhe sangrar a fronte.
seu corpo ficará suspenso no madeiro, fustigado pelo sol, só, renegado pelos seus e abandonado pelo pai.
morrerá, mas permanecerá vivo eternamente.
palavra da salvação.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum