RELIGIÃO E POLÍTICA

Evangélicos ganharam mais uma - Por Pr. Ricardo Gondim

Como os progressistas são numericamente menores, políticos de esquerda se hipnotizam pela grandiosidade dos auditórios, marchas e conferências promovidos e convocados por pastores, apóstolos e bispos

Ricardo Gondim é pastor da Igreja Betesda, em São Paulo.Créditos: Reprodução/ redes sociais
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Reza a lenda que evangélicos progressistas não lotam uma Kombi. Exagero. Todavia, há de se admitir, o grupo evangélico que se identifica com as pautas da esquerda são minoria. Os que se alinham com as causas progressistas e que ainda frequentam igrejas estão cancelados (o fundamentalismo é craque em estigmatizar seus dissidentes: herege, apóstata, liberal, comunista, abortista).

Há de se admitir que movimento evangélico e progressismo quase não dão liga; parecem água e óleo. E uma questão precisa ser considerada: os “desigrejados”, isto é, evangélicos que simplesmente pararam de frequentar igrejas são em sua grande maioria progressistas e eles, os “desigrejados”, crescem todos os anos; ouso pensar que já formam uma população maior do que a dos membros ativos no movimento.

Como os progressistas são numericamente menores, políticos de esquerda se hipnotizam pela grandiosidade dos auditórios, marchas e conferências promovidos e convocados por pastores, apóstolos e bispos.

Os acenos de diálogo da esquerda na direção dos evangélicos se concentram na ilusão de que eles “dão votos”. Ledo engano. Se um anjo descesse do céu e instruísse os caudilhos das grandes denominações a aderir pautas progressistas (direitos humanos, justiça social, racismo, misoginia, lgbtfobia, preservação de biomas, etc.) seria de todo rechaçado.

Por que tentar dialogar com um grupo obturado por leituras literais da Bíblia, pela teologia da prosperidade, pelo pessimismo antropológico e por soluções mágicas para as dificuldades estruturais do país?

Afirmo sem medo de parecer radical: enquanto partidos de esquerda desprezarem a lotação da Kombi e se encantarem com a Paulista entupida de crentes, não só perderá eleições como empurrará o país para o temido evangelistão.

 

*Ricardo Gondim é teólogo e pastor da Igreja Betesda, em São Paulo

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.