Já é lugar comum no mundo a afirmação da importância da Amazônia, que se localiza em sua maioria em território brasileiro, para o controle do clima, mas o Diálogos Amazônicos, realizado entre 4 e 6 de agosto, em Belém/PA, discutiu os desafios para de fato implementar políticas públicas que concretizem essa preocupação.
A preservação da Amazônia passa por explorar os recursos naturais de forma sustentável e assegurar condições de vida digna da população que mora e vive das oportunidades que a região propicia.
A Central de Movimentos Populares (CMP) se mobilizou e participou com prioridade desse evento tão importante para a Amazônia, que antecede a Cúpula da Amazônia, que aconteceu nos dias 8 e 9 de agosto, evento em preparação a COP-30, que será realizada em novembro de 2025 na mesma cidade. Esperava-se a participação de 5 mil pessoas, no entanto mais de 25 mil pessoas compareceram.
Foi uma semana movimentada e de muita luta. No domingo (6), realizamos o VII Congresso Estadual da Central de Movimentos Populares (CMP) do Pará, com 500 militantes dos mais diversos movimentos populares do Pará, contamos com a presença da Ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, fundadora da CMP e do ministro das Cidades, Jader Filho.
Também, no âmbito dos Diálogos Amazônicos, organizamos junto ao Movimento dos Atingidos por Barragens uma barqueada (comitiva de barcos) no rio Guamá, no dia 7 de agosto, para chamar atenção para a situação de vida dos povos ribeirinhos, que sofrem com a falta de políticas públicas na região, além da defesa das águas e dos rios. Essa atividade foi simbólica e chamou atenção para esse problema. No mesmo dia, pela noite, a CMP participou, na Aldeia Cabana, da Plenária dos Movimentos Populares e Sociais, um momento riquíssimo de articulação e unidade dos movimentos, onde houve uma forte denúncia da violência contra o povo Timbé.
Na terça-feira (8), a CMP se somou a mais de 5 mil pessoas na Marcha dos Povos Amazônicos, que denunciou os crimes ambientais e o genocídio que ocorre contra os povos da região e encerrou os Diálogos Amazônicos, com a entrega da Carta da Assembleia dos Povos, ao governo Lula, representado pelos ministros da Secretaria Geral da Presidência, Marcio Macedo e do Ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio de Almeida.
A carta, elaborada pela CMP e diversos outros movimentos populares, propõe uma série de medidas que são urgentes para definitivamente acabar com o desmatamento na Amazônia, combater a fome e a desigualdade, assim como constituir um modelo energético que a preserve. Também, reivindica uma série de direitos básicos a população da região, como moradia, saneamento, educação, saúde, fim da política de extermínio e geração de emprego e renda.
Na Cúpula Amazônica, representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela assinaram a Declaração de Belém, se comprometendo com algumas medidas, mas infelizmente não houve acordo sobre a meta do desmatamento zero. Vale lembrar que a CMP defende o uso dos recursos naturais da Amazônia de forma sustentável, do ponto de vista econômico, social e ambiental. Desmatamento zero e fome zero. Além disso, acreditamos que os países mais ricos devem se comprometer a disponibilizar recursos para investir na preservação ambiental e desenvolvimento econômico sustentável.
O problema da preservação da Amazônia e de seu povo é responsabilidade do conjunto das forças populares e progressistas. Devemos seguir lutando para que a riqueza da nossa floresta seja distribuída para a população indígena, quilombola e ribeirinha, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da região, que sofre cotidianamente com as invasões do agronegócio, das madeireiras ilegais, do garimpo ilegal, que exploram os recursos naturais e deixa o povo amazônico em situação de miséria.
Além disso, é preciso que as soluções para preservação da Amazônia considerem as questões urbanas. As cidades amazônicas precisam estar em harmonia com a natureza e proporcionar vida digna a seus habitantes, conforme defende a Carta da Assembleia dos Povos.
Por isso, nós da CMP, e eu, pessoalmente, participamos ativamente do Diálogos Amazônicos. Estamos nessa luta e resistência pela preservação da vida humana na Amazônia. Para tanto, os recursos extraídos da região terão que ser revertidos ao desenvolvimento sustentável da população que ali vive.
Seguiremos cobrando para que os governos da região implementem de fato as políticas com as quais se comprometeram na Carta de Belém. Nossa causa é a preservação da floresta amazônica, defesa do meio ambiente, da geração de emprego e renda, combate à fome e proteção e defesa dos povos originários, quilombolas e ribeirinhos. Viva o Diálogos Amazônicos! Rumo a COP-30!
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum