Foi o que eu disse pro tenente: não é questão de agitação. Fomos lá, subimos no palco, tocamos pros estudantes. Era um festival universitário de música. Se vocês interpretam como baderna, são outros quinhentos. É claro que sempre há uma crítica. Se eu falei que o governador era ladrão? Falado isso não foi, não. Ah, o gesto que fiz dele roubando uma carteira... Tem todo um contexto, uma música de sátira, entende? Não sei se seria algo tão grave como... Se estou ciente de que é crime? A pessoa dar uma opinião é crime, por acaso? Estou com sede. Não, não estou ofendendo o senhor. Não, não estou gritando com o senhor. Posso repetir, sim. Subimos no palco, tocamos, fiz uma imitação. Do governador, é. Exato, humor. Estou com sede. Na minha opinião, é bem diferente de desrespeito. Ideologia, eu? Como assim? Ficar retido por uma imitação, não creio. Eu poderia ligar pros meus pais? Não? Nasci em Teresina, no Piauí, estudo jornalismo. Moro em São Paulo, capital. Sem antecedentes, é. Absolutamente! Ninguém me disse o que eu deveria fazer. Fui lá e fiz. Chamar o senhor de senhor? Mas não estou chamando? Olha, deixa eu só entender: por uma piada isso tudo? Por uma piada, eu vou ficar aqui? Sem poder entrar em contato com ninguém? Piada é isso. Piada é isso! Não, a intenção agora não foi criticar o senhor, não. Nada disso, amigo. Certo, certo, não sou seu amigo. Não mesmo, modo de dizer. Estou com sede.
O crime de ser engraçado, por Carlos Castelo
Se estou ciente de que é crime? A pessoa dar uma opinião é crime, por acaso? Estou com sede. Não, não estou ofendendo o senhor. Não, não estou gritando com o senhor
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