Fiquem tranquilos! Não estou anunciando a “conversão” de Lula a qualquer igreja evangélica. Não! Lula não foi batizado no Rio Jordão por algum pastor picareta que faz viagens à “Terra Santa” explorando a boa-fé dos fiéis. Tampouco Lula usou um texto bíblico como lema de sua campanha, enganando milhões de evangélicos como se fosse um novo convertido, abençoado por seu “pastor de estimação” e por uma horda de pastores que se venderam ao fascismo.
Mas insisto numa ideia: Nunca tivemos um presidente tão evangélico! Assim mesmo, sem aspas e com “E” maiúsculo. Por quê? Quero tratar como “evangélico”, neste texto, alguém que age conforme o Evangelho. Não falo de doutrina ou de “CNPJ eclesiástico”. Falo de vida. Falo daquilo que vemos, ouvimos e percebemos. E, ao partirmos deste ponto, nenhuma dúvida fica sobre a minha afirmação que intitula esta coluna: Lula é um presidente Evangélico.
Os Evangelhos trazem paradigmas, características, marcas daquele que entende e vive a mensagem do Cristo: o amor ao próximo, o bem do próximo, a dignidade do próximo. Parábolas como a do “bom samaritano” a dos talentos e, principalmente, o julgamento das nações em Mateus 25 nos dão a direção para atribuir ao governo petista a certeza de que, até hoje, é o governo que mais se aproxima das diretrizes do Evangelho.
Foram nos governos de Lula e Dilma que o Brasil saiu do mapa da fome, onde a maior parte da população teve acesso às três refeições diárias, a um pouco de segurança alimentar que lhes foi roubada desde sempre. E “dar de comer a quem tem fome” é um princípio do Evangelho. Estranho é ver gente que se diz cristã ser contra a quem vivencia essa realidade evangélica, como o Padre Julio Lancellotti e o Governo Federal através de suas políticas públicas. Mais estranho ainda é insistirem no apoio à figura abjeta do falso “Messias”, ex-presidente, que conseguiu levar novamente o país ao mapa da fome mundial.
Seguindo a linha de raciocínio do Evangelho de Mateus, os “benditos do Pai” são os que dão água a quem tem sede e vestem os corpos nus, de quem foi tirado o direito de ter casa, teto (vestimenta) e água. A retomada do “Minha Casa, Minha Vida” é uma benção sem precedentes. Enquanto o diabólico (a palavra DIABO significa, literalmente, “o que causa divisão”) governo anterior aboliu esse direito básico, é justamente Lula quem retoma a busca pela dignidade humana, simbolizada no direito à moradia e saneamento básico.
O “Mais Médicos” é a encarnação do “eu estive doente e você foi me visitar/cuidar”. Não é a lógica do “eu não sou coveiro”, muito menos o absurdo de imitar uma pessoa com dificuldades para respirar por conta de uma doença para a qual já tinha vacina. Aliás, vacina que foi negada pelo desgoverno (e ainda hoje por muitas pessoas) que disse “só se for na casa da tua mãe” quando cobrado pelo cuidado na saúde pública. Evangelho é luta por saúde digna para todas, é a cura do povo, a busca pelo Direito para aqueles a quem historicamente vivem sem direito algum.
Para Jesus, bandido bom não é bandido morto, muito pelo contrário. O próprio Jesus se identifica com aquele que está preso e cobra do Estado uma política pública de amparo e ressocialização: “eu estava preso e você foi me ver”. Não existe, no Evangelho, uma lógica de violência para responder à violência, antes a premissa evangélica é a de “vencer o mal com o bem”. Nada de vingança. Tudo de acolhimento, julgamento justo e a chance de recomeços.
Não bastasse todas essas coisas, é no Governo Lula que vemos as expressões de cuidados com a Terra, com os povos originários (que estavam sendo dizimados pelo governo anterior), com as mulheres constantemente violentadas por perversos “cidadãos de bem”, com os negros que sofrem todos os dias o racismo estrutural e o racismo religioso, tendo suas expressões de fé demonizadas pelos “defensores da fé”, com a comunidade LGBTQAIPN+ diariamente sofrendo na pele preconceitos e violências e com todas, todos e todes que necessitam de políticas públicas pelo Direito a dignidade humana.
Não tenho dúvidas: é no Governo Lula, no Governo do PT que vejo os lampejos do Reino de Deus, ainda que não em sua plenitude, mas sem a mínima hesitação em afirmar que, de todos os governos da Nova República, é o que mais se aproxima do Evangelho.
A não ser que você ache que ser evangélico é fazer arminhas com a mão, lutar para que todos tenham armas, satirizar pessoas em situação de morte, falar que “sua especialidade é matar”, defender usar dinheiro público para “comer gente”, ser envolvido até o pescoço com milícias e rachadinhas, usar a igreja e a Bíblia como trampolim eleitoral e fazer de tudo para dividir famílias, pessoas e um país inteiro. É seu direito achar isso, apesar de não parecer em nada com o Jesus que você diz seguir.
Quem tem ouvidos, ouça!
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.