De 30 de novembro a 12 de dezembro acontece a COP28, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2023. O encontro tem como sede, vejam só, os Emirados Árabes Unidos, um dos maiores produtores de petróleo do mundo – o que é uma contradição em si, já que a transição energética, tão necessária para o desenvolvimento sustentável, pressupõe mudanças na estrutura da matriz energética mundial, com o uso de fontes de baixo carbono e de energia limpa e renovável, tudo o que o petróleo não é.
Esse encontro trata de uma questão cada vez mais urgente para nossa sobrevivência enquanto espécie. Pelo que está anunciado, parece que vai trazer mais do mesmo. A conferência terá até pavilhão dos países petroleiros. E o Brasil participará com painéis de empresas poluidoras.
Além de autoridades do governo federal, presidente Lula à frente, a lista de participantes brasileiros conta com mais de 30 deputados e senadores. O problema é a agenda ambiental, no Congresso Nacional, está longe de ser exemplo para o mundo. Vários dos parlamentares que estão em Dubai votaram a favor do Marco Temporal e/ou do Pacote do Veneno, que flexibiliza a liberação de agrotóxicos.
Para sair bem na foto, a Câmara ainda tentou votar alguns “projetos verdes” antes da COP28, mas não foi capaz nem disso. O que deveria ser um projeto de energia eólica offshore, por exemplo, incluiu um trecho que beneficia a geração de energia a carvão até 2050. Um tremendo cavalo de Tróia ambiental. Precisamos de um compromisso sério e diário com a proteção do meio ambiente, não casuísmo interessado.
As mudanças climáticas estão aí para serem levadas a sério. Em 2023, a Europa está tendo seu verão mais quente da história. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no Brasil a temperatura vem batendo recordes consecutivos. Até quando vamos conseguir ignorar os sinais alarmantes do nosso planeta? Deixou de ser crise para virar colapso climático.
Mais do que uma transição energética, precisamos de uma transformação de consciência. O caminho é a busca de um novo modo de produção, distribuição e consumo. É uma longa jornada, que deve ser iniciada o quanto antes. Caso contrário, contribuiremos para o colapso climático do planeta. As próximas gerações merecem um futuro melhor.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum