Cem anos se passaram. Um século.
Muito tempo para fechar os olhos de um dos homens mais sinistros do imperialismo, da desumanidade, da injustiça e da carniça humana em prol dos interesses bancários, do sistema capitalista.
O braço direito astuto da política nefasta do Departamento de Estado Americano deixa a vida para entrar no inferno. Leva junto sua prática de intervenção em Estados e países soberanos, que usa e abusa da força da espionagem, do crime, da desestabilização, da intervenção da guerra interna e oculta, ou mesmo da criminalidade genocida do bombardeio aberto em vilas de países não subordinados à vontade do imperialismo americano, ou golpes de Estado na América Latina.
Estamos falando de um homem sem alma, de um homem que não possuía limites quando a função era defender os interesses econômicos dos bancos, conglomerados econômicos, dos fabricantes de armas, dos sócios da morte, através do tudo ou nada, da prepotência e do vasto extermínio de seres humanos.
Este corvo de mau agouro é responsável pela morte de mais de 600 mil civis no Camboja e de 350 mil no Laos, resultado por ele ordenado durante o governo Nixon;
Morte de pelo menos 500 mil civis em Bangladesh;
Golpes militares, por ele apoiados e planejados no Comitê 40 na América do Sul, no Chile, Argentina, Bolívia;
Apoiador da criação da “OPERAÇÃO CONDOR”, que matou líderes latino-americanos, como Pratts, Goulart, Torres, Michelini, Gutierrez Ruiz, Letelier, Allende e tantos outros;
Apoio ao general Suharto no genocídio de 200 mil pessoas, no Timor Leste;
Organização e deslocamento de sicários americanos para desestabilizar países que não se alinhavam a política externa americana.
Este é o homem homenageado por muitos políticos e líderes mundiais, que não conhecem ou fazem de conta não conhecer este monstro carniceiro que é tratado como o Homem da Política Internacional do Século XX.
Rechaçado em alguns países corajosos, menores que o nosso, que enfrentaram e fizeram justiça contra aqueles que torturaram, mataram, assassinaram, sequestraram e desapareceram com pessoas que contestavam as ditaduras por ele implantadas, como o Uruguai e a Argentina, a nós brasileiros resta a vergonha que até setores de nossa esquerda reverenciaram este homem, e se calam sobre seus crimes.
Lamentavelmente, quando abrimos a investigação da morte do único presidente brasileiro que morreu no exílio, João Goulart, morto em circunstâncias suspeitas, solicitamos através da investigação do Ministério Público, ao Ministério da Justiça do Brasil a oitiva deste indivíduo Henry Kissinger, como suspeito da Operação Condor, desdobrada na Operação Escorpião, para ser ouvido pelas autoridades brasileiras.
Em 2016, a Secretaria do Ministério da Justiça emitiu um pedido de oitiva, através do Itamaraty, para o Departamento de Estado Americano fazer a notificação.
Até hoje, o governo americano sequer tomou conhecimento do pedido, e ignorou o governo brasileiro, sem dar resposta alguma. Não duvido que ainda haverá sinceras condolências, de parte de nosso governo ao corvo responsável pela morte de milhões de civis no mundo.
Os homens passam, mas suas histórias não serão esquecidas, mais ainda quando as tragédias produzidas contra a humanidade serão debitadas na passagem das aves de rapina.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.