Em 9 de outubro de 1967, na Bolívia, o guerrilheiro Ernesto Che Guevara foi assassinado.
Este documentário do argentino Tristán Bauer, "Che, un hombre nuevo", conta a vida de Ernesto "Che" Guevara, desde suas origens burguesas na Argentina, sua conversão em guerrilheiro e revolucionário em Cuba, até sua morte na Bolívia em 1967.
O filme tem várias imagens e depoimentos inéditos da vida de Che Guevara. Talvez a principal seja o áudio da gravação que ele enviou à esposa, pouco antes de morrer, em meio à batalha na Bolívia, com um poema. A voz cansada e desesperançada, como que se despedindo da vida.
Mas há muito mais. O diretor fez uma pesquisa de 12 anos. Foi à Bolívia e colheu imagens do povo, seu relacionamento com o Che.
E também imagens da infância e juventude do guerrilheiro. A seguir, o documentário completo.
E em seguida a ele, um poema do escritor, dramaturgo, poeta e cineasta italiano Pier Paolo Pasolini sobre o valor da derrota num mundo onde se vende que o que importa é vencer.
O poema de Pasolini:
O valor da derrota
Penso que é necessário educar as novas gerações sobre o valor da derrota.
À sua gestão.
Para a humanidade que dela emana.
Construir uma identidade capaz de perceber uma comunhão de destino, onde se pode falhar e recomeçar sem que o valor e a dignidade sejam afetados.
Não se tornar um alpinista social, não passar por cima dos corpos dos outros para chegar em primeiro.
Neste mundo de vencedores vulgares e desonestos, de prevaricadores falsos e oportunistas, de gente que conta, que ocupa o poder, que rouba o presente e o futuro, todos os neuróticos do sucesso, do aparecer, do devir.
A esta antropologia do vencedor, prefiro muito mais a daquele que perde.
É um exercício que faço bem.
E reconcilia-me com o meu pouco sagrado.
Original em italiano:
Il valore della sconfita
Penso che sia necessario educare le nuove generazioni al valore della sconfitta.
Alla sua gestione.
All’umanità che ne scaturisce.
A costruire un’identità capace di avvertire una comunanza di destino, dove si può fallire e ricominciare senza che il valore e la dignità ne siano intaccati.
A non divenire uno sgomitatore sociale, a non passare sul corpo degli altri per arrivare primo.
In questo mondo di vincitori volgari e disonesti, di prevaricatori falsi e opportunisti, della gente che conta, che occupa il potere, che scippa il presente, figuriamoci il futuro, a tutti i nevrotici del successo, dell’apparire, del diventare…
A questa antropologia del vincente preferisco di gran lunga chi perde.
È un esercizio che mi riesce bene.
E mi riconcilia con il mio sacro poco.