Já me preparava para fechar minha coluna de hoje quando sou surpreendido nas redes por um “comercial” do BBB. Uma dessas chamadas das redes, com destaque para um dos patrocinadores. A BRASKEM que, segundo a propaganda, vai deixar a casa do BBB mais “cada vez mais sustentável”. Mudança de rumos. Não posso me calar. A outra coluna pode esperar.
Pois não é que a casa mais vigiada do Brasil tem, entre seus patrocinadores, a empresa (ir)responsável por milhares de casas que nunca mais serão vigiadas? A Braskem, que promete deixar a casa do BBB mais “cada vez mais sustentável” é, irônica e terrivelmente, a responsável pelo maior crime ambiental da história das Alagoas, que transformou bairros da capital alagoana em verdadeiros bairros-fantasmas. Casas abandonadas às pressas. Gente amontoada na casa de parentes que moram em outras regiões e muita, mas muita gente, sem ter pra onde ir. Simplesmente ocasionando o maior afundamento de solo da América do Sul. Os bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol foram desocupados.
Eu estive em Maceió há 3 meses e presenciei, atônito e indignado, as casas, obras, escolas, creches, prédios abandonados às pressas por conta da insana busca por lucro e expansão do capital de uma empresa que levou à ruína bairros, ruas e, principalmente, VIDAS. A sensação de um cenário de guerra, uma região devastada pela sanha cruel de uma mineradora/petrolífera para a qual a vida humana é um simples detalhe a ser descartado na sua busca incessante de novas fontes de dinheiro e poder.
Muita gente nunca mais conseguiu voltar “ao normal” depois de terem o solo onde plantaram sua vida deteriorado, ameaçado e afundado pela, agora, patrocinadora “sustentável” da “casa mais vigiada do Brasil”. Não é razoável nem humano deixar uma casa cinematográfica sustentável enquanto se acaba com a sustentabilidade de uma cidade e de muitas pessoas no maior crime ambiental urbano do mundo. O dinheiro investido no BBB custou e ainda custa a vida e a saúde de muita gente. Muita GENTE.
Enquanto o solo de Maceió cede, literalmente, pela ganância capitalista e selvagem da BRASKEM, junto minha voz, ainda que tão insignificante aos milhares de alagoanos atingidos pela barbárie voraz da empresa “tão preocupada com sustentabilidade”. Reforço a luta, entre tantos, da Igreja Batista do Pinheiro, que resiste contra tudo e contra todos, na luta por JUSTIÇA e reparação dos danos. Não a vergonhosa “ajuda de aluguel social” que obrigam os antigos moradores a aceitarem, ou não receberão nada, a não ser que estejam dispostos à inglória luta judicial.
O silêncio e, agora, conivência da Globo a esse crime ambiental, trazendo seu principal causador à imagem de empresa sustentável, querendo “limpar o nome” da BRASKEM deve ser amplamente denunciado. Não dá pra “passar pano”. É uma empresa que acabou com o sonho da casa própria de muita gente querendo se passar de boazinha ao financiar “a casa mais vigiada do Brasil”.
Chega de silêncio! Que a justiça flua como um rio... e a sustentabilidade chegue para todos. Ou é para todos ou não será para ninguém. E que o crime seja punido e não presenteado com espaço de “lavagem de imagem” em horário nobre.
Chega! É hora da justiça!
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.