Não é de hoje que eu digo que não se conseguirá entender a sanha evangélica (católica também) que esteve até às entranhas envolvida no fracassado golpe do último domingo, sem que se entenda todo processo desde os anos 70/80 que desencadeou as cenas de barbárie que assistimos. Aliás é interessante a tentativa flopada do Capitólio tupiniquim (batizado de CapiMtólio por uma amiga virtual) ter se dado no “Dia do Senhor”. Porque o que se viu ali era exatamente a expressão mais perversa de uma seita. Um sentimento RELIGIOSO, de FÉ num SER mitológico e que leva o povo ao SACRIFÍCIO. Fé, Mito e Sacrifício são elementos de culto religioso, não de ação política.
Somente um sentimento religioso e místico fundamentalista é capaz de responder à insanidade dessa gente adoecida que fecha os olhos à corrupção gritante e latente do governo de Bolsonaro e o incensa ao altar da deidade absoluta, líder dos líderes, Capitão dos Capitães. A cegueira (característica do fanatismo que cega) e a negação da ciência, do conhecimento e da informação fazem parte de um projeto que se alonga há anos nos corredores religiosos brasileiros. E com pitadas de fascismo, nazismo e “belicosidade sagrada”.
Estudei durante alguns anos a formação e estruturação de seitas religiosas. Todas elas repetem alguns mecanismos de estruturação e permanência, o que me faz mais ainda perceber como esses métodos, aliados a alta manipulação de dados e informação fez com que esse bando se comportasse da mesma forma que as seitas mais bizarras e terríveis que conhecemos. Senão vejamos essas características que definem um grupo como seita:
1) Uma liderança “iluminada” e inquestionável
2) São frequentemente isolacionistas
3) São apocalípticas (há sempre um inimigo “oculto” a ser vencido)
4) Eles são os únicos capazes de vencer esse inimigo
5) Privação de informação “de fora” e forte doutrinação “interna”.
6) Necessidade de destruição de opositores (de forma “virtual” ou real)
Se isso não é suficiente para que percebamos no grupo fascista que provocou o caos em Brasília, destruindo tudo que viu pela frente, iluminados por ideias que só eles abraçam, seguindo de forma insana de devotada um líder que os abandonou (mas que, cegos, não percebem), isolados de suas famílias, com uma missão apocalíptica de derrotar o “fantasma” do “comunismo” e totalmente alienados de quaisquer outras fontes de informação que não as internas, por grupos de Whatsapp e “especialistas” da própria seita.
O golpe, portanto, tem elementos psíquicos-religiosos em nível elevadíssimo. É uma horda doente, perversa e disposta às últimas consequências para “livrar o Brasil e seus filhos do maldito comunismo e dos ladrões que foram empossados”. Sim! Eles estão numa guerra santa. É um caso clínico e religioso. Preparem-se para ver ainda muitas outras loucuras e todas elas regadas a orações, rezas, cânticos religiosos e símbolos sagrados. É o cristofascismo na veia!
Apresento-lhes o talibã cristão brasileiro!
Que Deus tenha misericórdia desse país!
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.