A Colômbia vive neste domingo (19) sua grande encruzilhada histórica. Nação desde sempre comandada pela direita e vista pelo resto do continente como um território livre para ações dos EUA, pela primeira vez poderá ser governada pela esquerda.
Gustavo Petro, um economista e ex-guerrilheiro no Movimiento 19 de Abril (M-19), atualmente no partido Colombia Humana, e que já foi prefeito da capital Bogotá e atualmente é senador da República, converteu-se na grande esperança dos setores progressistas do país e de toda a América Latina para quebrar o jugo de subserviência a Washington.
Ele liderou com folga todas as pesquisas eleitorais, só que a uma semana do primeiro turno, realizado em 29 de maio, uma figura sinistra e caricata de extrema-direita, no melhor (ou pior) estilo Jair Bolsonaro, disparou nas sondagens e foi parar no segundo lugar com 28% dos votos. Um tal magnata falastrão e enrolado em casos de corrupção chamado Rodolfo Hernández. Petro, ainda assim, ficou em primeiro com 40%.
No entanto, numa espécie de reprodução do editorial do Estadão de 2018 aqui do Brasil (o cínico e dissimulado “Uma escolha muito difícil), a sociedade e a imprensa hegemônica colombiana passaram a apoiar de forma massacrante Hernández, criando uma falsa simetria entre os dois candidatos e minimizando o despreparo político, intelectual e moral do extremista, com o argumento de que ele ainda seria melhor do que levar um “comunista guerrilheiro” ao poder. É o velho e conhecido procedimento de demonização infantil ao qual os setores dominantes apelam para impor sua agenda neoliberal, mesmo que isso signifique num completo desastre para o país, como ocorre no Brasil. Resultado: As pesquisas mostram um empate técnico apertadíssimo entre os dois postulantes desde o primeiro dia de campanha para o segundo turno.
Petro e Hernández já votaram nesta manhã e as forças militares e de segurança, que abertamente fazem campanha contra o candidato de esquerda por ele um dia ter sido parte da guerrilha, dizem que o ambiente até aqui é de tranquilidade. As urnas serão fechadas às 18h (horário de Brasília) e até o final desta noite o mundo saberá se finalmente a Colômbia provará de um governo voltado às camadas mais populares, num país marcadamente desigual e com toneladas de mazelas históricas, ou se seguirá sob domínio do Norte, ainda que desta vez “pelas mãos” de um boquirroto tosco e de cariz vexatório.