FORÇAS ARMADAS

Armas contra urnas, voto contra as armas – Por Normando Rodrigues

Considerados o leite condensado e a prótese peniana, parece que o único atributo democrático de nossos militares é o hábito de se colocar à venda por baixo preço.

Créditos: Marcos Corrêa/PR
Escrito en OPINIÃO el

Armas contra urnas, voto contra as armas

Considerados o leite condensado e a prótese peniana, parece que o único atributo democrático de nossos militares é o hábito de se colocar à venda por baixo preço.

Ressalve-se que “venda” e “baixo preço” são licenciosidades. Este, porque o custo do gozo dos quartéis é alto a ponto de apequenar o orçamento da União para a educação, ao passo que “venda” não é exata porque somente mesquinhos privilégios e prestígio subjetivo não explicam a simbiose entre os oficiais-generais e o grande líder fascista.

A podridão real é muito mais profunda do que julga nossa vã filosofia.

Cumplicidade criminosa

Tal como os fascistas alemães pretenderam, quando compromissaram seus guerreiros profissionais com a “solução final” genocida, há indícios de que o Lobisomem habitante do Planalto convenceu os comandos das forças armadas via cumplicidade criminosa.

O monstro e sua tropa de muares serviram-se da Covid-19 para matar centenas de milhares de brasileiros e lançar 15% da população à fome. Tropa da qual o general ex-ministro da saúde que só queria comprar sacos pretos de necrotério era mera amostra nada grátis. E cada um desses edificadores do inferno brasileiro está ciente de que, uma vez varrido o fascismo rampa abaixo, sobrarão confortáveis bancos de réus a acolher suas adiposidades.

Por conta dessa cumplicidade e cagaço, o presidente B... tem hoje nas mãos: o comandante do Exército B... e dublê de ministro da defesa, que anuncia às escâncaras o golpe contra o TSE; o comandante da Marinha do B... que mobilizou seus poucos blindados no fumacento 7 de setembro; e o comandante da Força Aérea B..., que na falta de aviões próprios se tornou promotor de ingressos de cinema para homenagear caças da marinha dos EUA.

Traição Nacional

Que o Lobisomem governa desde janeiro de 19 por meio de cotidianos crimes de responsabilidade, sabemos todos. Contudo, em 9 de junho o Licantropo se superou e pediu ao Imperador Biden a intervenção no processo eleitoral brasileiro.

O ato do meliante-mor caracteriza o tipo de crime que os milicos mais costumeiramente odeiam, o de traição à pátria, conforme define a lei 1.802/53, em seu artigo 2°, inciso III:

III - mudar a ordem política ou social estabelecida na Constituição, mediante ajuda ou subsídio de Estado estrangeiro ou de organização estrangeira ou de caráter internacional

Mas que não se iludam os ingênuos: a traição nacional de B... é intentada com a do mesmo modo traidora anuência de seus oficiais-generais, em nome de um “projeto maior”.

Longo prazo

E o “projeto maior” - no qual o papel do Lobisomem é o de palhaço da corte – foi sistematizado pelo instituto que leva o nome do general avalista do golpe de 16 e indutor da prisão de Lula e eleição do bufão em 18.

Trata-se de um plano de manutenção do poder político civil, pelos militares, até 2035. Plano eivado de casuísmos e de insolúveis contradições:

- na saúde, os milicos, que têm suas próprias clínicas, hospitais e sanatórios, pagos pelo dinheiro público, querem que os pobres paguem para usar o SUS;

- na educação, os fardados que recebem salário para estudar em suas instituições ideologizadas, também mantidas por dinheiro público (Colégio Naval, Escola Naval; ESPECEX, AMAN; EPCAR, AFA) querem que os pobres também paguem para frequentar as universidades públicas;

- quanto à corrupção (dos outros, nunca a própria), aqueles que recebem acima do teto constitucional e contam com toda uma justiça privilegiada, a “Militar”, querem o fim do “foro privilegiado”.

Currículo

O projeto “2035” passa pela exportação da doutrinação ideológica para as escolas cívico-militares e pela ocupação de cada vez mais “posições de mando”, mediante as quais os milicos invertem a máxima de Clausewitz e fazem da política a continuidade da guerra contra o povo.

Assim, nas eleições deste ano cerca de 50 militares das Forças Armadas disputarão cargos, sob o comando do já deputado federal General Peternelli (União-SP), como se representassem o “melhor” de nossa sociedade.

O currículo desse “melhor” inclui a tortura de presos, dos quais um foi supliciado durante 109 dias seguidos, tendo o caso chegado agora à Corte Interamericana de Direitos Humanos; por acobertar garimpeiros ilegais, agricultores escravagistas e incendiários de nossos biomas; e por ser leniente nas buscas pelos assassinados Bruno Pereira e Dom Phillips, mártires do extermínio indígena e ecológico pregado pelo Lobisomem.

Vacina  

Em suma, as forças armadas fingiram alguma civilidade por 30 anos, durante os quais até elogiaram as urnas eletrônicas. Dissimulação abandonada graças ao vínculo genocida com um presidente fascista e inviável, que tenta a reeleição para continuar a matar.

Entretanto, ainda há vacina contra o projeto “2035”. Basta fazer Lula vencer no 1° turno, e com ampla margem. 

Quanto maior a diferença entre Lula e o Lobisomem, menor será a chance de uma quartelada contra o TSE.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.