Em meio aos arroubos autoritários de seu adversário, Lula (PT) deve intensificar em sua campanha as melhores lembranças que o eleitorado - especialmente a população mais pobre - tem de seu governo.
Em seu périplo pelo país ao lado de Geraldo Alckmin (PSB) após o lançamento oficial da chapa, no dia 7 de maio, Lula vai focar suas conversas e discursos nos programas que reduziram a desigualdade social no país em 50,6%, segundo pesquisa realizada pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir de resultados obtidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que foi divulgado em 2011, após sua saída do governo.
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Na defesa do legado do PT, incluindo os mandatos de Dilma Rousseff (PT), Lula ainda vai mostrar que o índice Gini, que mede a desigualdade, recuou de 0,583 em 2002 para 0,539 em 2019. Isso significa que aproximadamente 16 milhões saíram da pobreza. Após o golpe, em 2016, o índice voltou a subir, indicando que mais pessoas retornaram à linha da pobreza.
1º de Maio
Com presença confirmada nos atos das centrais sindicais neste 1º de Maio, Lula antecipou seu discurso nas redes sociais nesta sexta-feira (29), quando lembrou da Transposição do rio São Francisco para irrigação do sertão nordestino e no Bolsa Família.
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"Nós fizemos o projeto mais importante, que foi adotado pela ONU como o melhor modelo de transferência de renda que já aconteceu", diz Lula no vídeo distribuído nas redes. "Nós sabemos como acabar com a fome no Brasil", diz ainda a publicação no Twitter.
O objetivo da campanha é buscar reativar a memória dos eleitores em temas espinhosos, como a economia, para Jair Bolsonaro (PL), que busca intensificar o clima de ódio para provocar o caos.
Sem responder a Bolsonaro - deixando o adversário preso em sua bolha de ódio -, Lula quer aumentar a propagação de informações positivas sobre seus governos principalmente no eleitorado de baixa renda - onde já tem cerca de 70% das intenções de votos, segundo as pesquisas Quaest e FSB divulgadas recentemente.
Enquanto isso, o petista terá a companhia de Alckmin para vencer resistências em nichos conservadores, como em alas católicas e entre ruralistas. Em outra frente, Paulinho da Força (Solidariedade) buscará diálogo com políticos do Centro insatisfeitos com Bolsonaro.
A estratégia de Lula é isolar cada vez mais Bolsonaro em torno de seu núcleo duro formado por pastores midiáticos, parte dos militares e ultraconservadores, além de figuras políticas do Centrão que foram cooptadas por meio do orçamento secreto.
Enquanto isso, Lula e Alckmin querem abrir diálogo com eleitores que ficaram órfãos pelo esfacelamento da terceira via, atraindo apoios para o primeiro turno das eleições - que a cada dia se aproxima de um pleito de turno único, que será decidida no dia 2 de outubro.