Em meio à tentativa de aproximação do eleitorado em que é mais repudiado, nesta terça-feira, 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, Jair Bolsonaro (PL) aumentou a aposta no que é considerado o núcleo duro e seu trunfo para a disputa à Presidência contra Lula (PT).
Ultraconservador, Bolsonaro busca reunir o que há de mais reacionário nos meios evangélicos e entre ruralistas para financiar sua campanha e montar uma estratégia de guerrilha para dar vazão às fake news sobre a chamada pauta ideológica, que tem forte influência no voto.
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Na segunda-feira (7), Bolsonaro usou o Planalto para receber o "Movimento Ação Voluntária Amigos da Pecuária".
O grupo reúne ruralistas que têm interesse na expansão da pecuária sobre a floresta amazônica e trabalha para levantar dinheiro extraoficial para a campanha de Bolsonaro, financiando, por exemplo, grupos que promovem outdoors para atacar Lula.
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Bruno Scheid, pecuarista em Ji-Paraná, Rondônia, teve uma conversa à parte com Bolsonaro para tratar justamente do apoio financeiro dos ruralistas.
Scheid é um dos principais arrecadadores de dinheiro no meio e negocia pautas de interesse dos ruralistas em lobby descarado do setor junto ao governo.
O pecuarista é ligado ao PL, de Waldemar Costa Neto, partido no qual Bolsonaro está filiado e um dos principais setores de lobby ruralista no Congresso.
Além de Scheid, estiveram no encontro Adriano Caruso, dono da Global Exports, exportador de gado vivo, de São José do Rio Preto (SP), e fundador do grupo de WhatsApp G-Agro, que atua na propagação de mensagens pró-Bolsonaro, quase sempre enviadas pelo chamado Gabinete do Ódio.
Choro com evangélicos
Já nesta quarta, após o ato com as mulheres, Bolsonaro usou do sentimentalismo e chorou em reunião com a bancada ruralista e pastores midiáticos também no Planalto.
Ao lado de pastores como Estevam Hernandes, Abner Ferreira, da Igreja Apostólica Fonte da Vida, e Silas Malafaia, Bolsonaro prometeu dirigir "a nação para o lado que os senhores assim o desejarem" e ouviu que os líderes religiosos conservadores têm "um chamamento em 2022".
Na prática, Bolsonaro busca os pastores midiáticos como formas de propagar sua guerra contra o "comunismo", usando um jargão distorcido pela ultradireita para atacar o campo progressista.
Pastores evangélicos midiáticos, como Silas Malafaia, farão campanha em cima das chamadas "pautas de costumes", reeditando fake news como "mamadeira de piroca", "kit gay" e a propalada luta contra a "ideologia de gênero".
Com o dinheiro dos ruralistas e a manipulação dos pastores midiáticos, Bolsonaro busca fortalecer o núcleo duro de seu eleitorado afim de levar a uma disputa contra Lula no segundo turno.