Patriotas de verde-oliva, não chorem! O desespero nunca foi bom conselheiro e a luta contra o comunismo deve seguir em marcha acelerada. Quer dizer, não acelerem muito porque a gasolina já passou de R$ 10 o litro em alguns estados.
E agora, hein? Carro na garagem, sem gás pra cozinhar o arroz. Que situação.
Não é muito pedagógico e eficiente para a conscientização política do ser humano tratá-lo com coices ou jogando na cara suas estultices e o passado de erros e apoios a figuras toscas que foram majoradas no mundo político pelo afã de eleitores revoltados e dispostos a “quebrar tudo”. Mas tem horas que essa elevação de espírito não me apetece e a vontade que tenho é de mostrar pela enésima vez o que um bando de lorpas mentalmente desarticulados fez com o país.
A escolha de Bolsonaro foi consciente, livre e de caso pensado. Qualquer um que tenha assistido a um só vídeo de 30 segundos desse sujeito nas eleições de 2018 pode conferir ali um completo imbecil, sem qualquer coordenação com as palavras, burro, raso e vazando ódio por todos os poros. Foram 57.796.986 de votos num sujeito que se notabilizou por gritar como um demente, por falar que resolveria tudo matando, por resumir a economia brasileira ao nióbio e por ressuscitar um discurso démodé de família e cristianismo fake que parecia coisa dos anos 50.
Pois bem. Com o tal mega-aumento anunciado pela Petrobras agora, o mandato sofrível e vexatório de Jair Bolsonaro entra em fase de colapso, com a gasolina atingindo valores impagáveis e fazendo a inflação, controlada há décadas, voltar à cena e corroer ainda mais o salário dos brasileiros, sobretudo dos mais pobres.
Bolsonaro fará algo para mudar a explosão inflacionária dos combustíveis retirando a Petrobras da indecente e malandra política de Preços por Paridade Internacional (PPI)? Bem, ele pode fazer, mas não fará. E explico o porquê, ainda que torça para ele levantar um dia da cama pela manhã e dar essa ordem a seus subordinados.
A explicação para o comportamento omisso e abertamente desleixado de Jair Bolsonaro com o povo brasileiro e com seu sofrimento é a mesma do período da pandemia. Perguntado sobre milhares de mortos diários, a resposta era simples: “Eu não sou coveiro”.
A lógica aplica-se ao momento atual. A manutenção durante seus três anos de mandato da política de Preços por Paridade Internacional (PPI) levada a cabo pelo fantasmagórico Michel Temer, somada à explosão cambial de um governo cujo ministro da Economia mantém milhões de dólares em paraísos fiscais (e que lucra muito com isso) e o desmonte da indústria nacional de refino naturalmente nos conduziria a esse caos. Veio a encrenca armada por Putin, as sanções econômicas, uma cascata de reflexos diretamente a impactar o preço do barril de petróleo e, zás! Gasolina por até R$ 10 e diesel a R$ 8.
Bolsonaro certamente não fará nada porque não é frentista. Esse é o tipo de respostinha abobalhada que alimenta a sanha dos psicopatas que o veneram, a da lógica estúpida e infantil. Não falava e não fazia nada pelos mortos na pandemia porque não era coveiro, e agora tampouco fará pelo desespero do brasileiro frente ao combustível a preço de ouro porque não trabalha em posto.
Dá aflição. Ele zanza como um idiota nas aparições públicas, repete frases desconexas que foram mal decoradas, já que não têm sentido. Insiste na conversa de “liberalismo”, “mercado” e “direita” sem sequer compreender o que balbucia, parece até atormentado por uma falta cada vez maior de sanidade.
Visto tudo isso, grande parte das pesquisas eleitorais tem mostrado até um avanço do ex-capitão e indigente intelectual (e moral) que nos “governa” para ganhar um novo mandato. O pagamento canalha do Auxílio Brasil, que só durará até um mês depois da eleição, largando milhões de brasileiros na fome após uma pretendida reeleição, e uma ficção de feitos e projetos que só existem nos grupos de WhatsApp coordenados por sua estrutura diabólica de comunicação, são apontados como os motivos para a “recuperação” de um sujeito que reduziu o Brasil a uma pilha de escombros, e que agora precisa de uma nota de R$ 10 para pôr um litro de gasosa no possante.
Esse sujeito segue tendo forte apoio. Em declínio, mas tem forte apoio.
Ele nos promete o fim de um comunismo esquizofrênico, a implantação de um evangelistão insano e caótico, com fogo dos céus, além de uma imensa montanha de mongolices tolas que, em alguma medida, segue o amparando.
Sem emprego, sem salário, com inflação estrondosa, cozinhando com ripas de caixote e agora com o carro definitivamente na garagem, tem gente que olha para isso e encontra uma solução bastantes incomum: votar novamente em Jair Bolsonaro.