O debate interno do PSOL - que é, sim, pujante e plural - virou notícia da grande mídia e da mídia alternativa.
O que por si é uma mostra efetiva da importância que o partido cumpre na agenda nacional, e que espero continue fazendo.
Ocorre que o debate, às vezes, propositalmente enviesado pela grande mídia, de outras, distorcido por vozes internas não é o debate da "escolha de Sofia", nem do binarismo que adora ser acolhido pelas mentes cômodas.
Não está em questão se o PSOL apoiará o governo Lula-Alckmin.
Esta decisão não só foi tomada no ano passado como foi provada na realidade das ruas e das urnas.
Todos os dirigentes do PSOL e sua militância arregaçaram as mangas, gastaram sola de sapato, atuaram nas ruas e nas redes para eleger Lula e Alckmin e derrotar Bolsonaro.
O que está em debate é a natureza deste apoio.
Basicamente, se com cargos ou sem cargos.
Se incondicional ou condicionado.
A posição da minha corrente - o Fortalecer o PSOL - e a de diversas outras organizações internas do partido é de que devemos apoiar o governo condicionalmente.
Mas, as condições não são os cargos, nem as verbas, nem as emendas.
A condicionalidade são o programa e as propostas.
E aqui não falo sob o prisma do plano abstrato ou do compromisso inscrito no papel e, sim, a partir da realidade quente da conjuntura e dos desafios históricos.
Não desconhecemos que a realidade política, de hoje - nacional e internacional - é diversa de 2003 e 2013 (e esperamos que os apoiadores incondicionais, também, não a esqueçam).
Sabemos - e temos alertado fortemente- que há uma direita militante e organizada no plano local e no plano global.
Ela não sumirá por efeito do pó de pirlimpimpim da posse, mesmo que seja linda e festiva (e será!).
Destarte, não recuará se o futuro governo continuar ignorando as ameaças golpistas dentro das Forças Armadas e de parte do Poder Judiciário e do Legislativo.
Contra estas forças golpistas e a favor da democracia, o PSOL - com todas as suas correntes e organizações - estará na trincheira.
Também estará inconteste no combate à agenda regressiva do Mercado, na defesa da promoção social, da dignidade humana, dos direitos humanos, da soberania nacional e, especialmente, na legitimidade do mandato dos eleitos e eleitas pela soberania popular.
Nosso apoio é um incondicional condicionado (parafraseado o mestre Paulo Freire).
Nosso apoio é militante e potente.
Nosso apoio não precisa de cargos.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum.