LULA LÁ

Lula toma posse pela 3ª vez como Presidente da República, como nunca antes na História desse país...

Mostrando a coragem jamais vista na vida política do país - em atitude diametralmente oposta à fuga covarde de Bolsonaro -, o filho de Dona Lindu sobe a rampa do Planalto como um dos maiores brasileiros de todos os tempos.

Lula durante campanha em Belford Roxo, no Rio de Janeiro.Créditos: Ricardo Stuckert
Escrito en OPINIÃO el

Aos 77 anos, completados três dias antes de derrotar Jair Bolsonaro (PL) nas urnas no segundo turno das eleições, o retirante nordestino Luis Inácio Lula da Silva, ex-metalúrgico e ex-sindicalista, consegue um feito inédito no Brasil, fazendo mais uma vez jus ao seu bordão: "como nunca antes na História desse país..."

Ao subir a rampa do Palácio do Planalto, às 16h20 deste domingo, 1º de janeiro de 2023, para receber a faixa presidencial - sem saber até o momento exatamente de quem, visto que Bolsonaro fugiu para os EUA -, Lula entra para a História do Brasil como 39º Presidente da República, no nono mandato após a retomada da Democracia.

Lula assume o mais alto cargo da República após a devastação provocada pelo governo de ultradireita conservadora capitaneado por Bolsonaro, que chegou a ensaiar, sem sucesso, uma retomada da Ditadura Militar.

Além de ser o primeiro brasileiro a vencer três eleições presidenciais na História, Lula assume a Presidência após sofrer uma perseguição jurídica desenfreada por meio do lawfare conduzido pela Lava Jato, que lhe custou uma prisão injusta por 580 dias em uma cela da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde foi instalada a "república" golpista de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, jogados hoje no limbo da História.

Uma vida de superações

Mostrando a coragem jamais vista na vida política do país - em atitude diametralmente oposta à fuga covarde de Bolsonaro - Lula enfrentou todas as acusações e a enxurrada de processos baseados em insinuações sem lastro jurídico.

O primeiro deles, sobre o fadado Triplex do Guarujá, que o levou à prisão injusta, foi cunhado em uma notícia-crime descabida, plantada por um jornalista que à época frequentava o alto escalão da Globo, um dos veículos da mídia neoliberal que buscara a todo custo manchar a biografia e romper, de uma vez por todas, a relação entre Lula e o povo pobre desse país - de quem prometeu "cuidar" durante toda a campanha.

Lula saiu da prisão injusta ainda mais forte, predestinado a mudar, mais uma vez os rumos do Brasil, que estava sendo rifado por Paulo Guedes e sua trupe ao sistema financeiro internacional, enquanto humilhava a população mais humilde com falas preconceituosas - tinha até "empregada doméstica viajando para Disney" - e sobretudo pela retirada de direitos e a extinção de programas sociais que tiraram milhões da pobreza e do mapa da fome.

Ao dizer sim para sua sexta disputa presidencial, Lula se tornou gigante. Aglutinou todas as forças democráticas do país, superando divergências políticas e, sobretudo, isentando atos e atitudes de muitos dos agora aliados que ajudaram a levar o país ao caos sob o desmando autoritário da ultradireita.

Lula sempre teve em mente que livrar o povo pobre do país do sofrimento causado pela ultradireita conservadora bolsonarista era algo muito maior que as próprias feridas que levava na alma - como a morte da esposa, Marisa, e do neto, Arthur, e a proibição desumana para dar o último adeus ao irmão mais velho, Vavá, a quem considerava como pai.

Ao lado da socióloga Rosângela Silva, a Janja, Lula tomará posse em meio a uma grande festa popular neste domingo, em um primeiro de maio que representa a vitória da democracia sobre o neofascismo tupiniquim.

Mas que, também, representa uma vitória pessoal de um brasileiro que, desde criança, teve que superar a fome, o preconceito, as desavenças políticas, a perseguição jurídica e as probabilidades históricas para subir a rampa do Palácio do Planalto como um dos maiores brasileiros de todos os tempos - talvez superado apenas por Pelé, que nos deixou neste fatídico ano de 2022.

Ao receber a faixa presidencial pela terceira vez, o filho de dona Lindu, retirante nordestino e ex-sindicalista vai incorporar mais uma vez seu bordão mais famoso: "como nunca antes na História desse país...".