Hoje é um importante dia para pensarmos qual é a nossa noção de República. O Brasil é um país que foi fundado em cima de muita exploração e muita violência. Agora, em 2022, estamos tendo uma chance de reconstruir nosso alicerce, nos baseando em democracia e direitos.
Nós não reparamos a escravidão, não superamos a ditadura militar, não lidamos de frente com os tantos anos de exploração colonial, que tirou muito das nossas terras e causou genocídios de povos tradicionais. Agora, tendo derrotado Bolsonaro nas urnas, podemos também ir além. O Brasil precisa de pacificação. Porém, paz não é sinônimo de esquecimento. Paz requer memória e justiça. Paz exige reparação, exige retomada de direitos e responsabilização de todos aqueles que tentaram, direta ou indiretamente, sabotar o país nos últimos anos.
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Não existe democracia sem o povo
E talvez o mais importante: não existe democracia sem o povo. Um povo que ficou sujeito ao vírus da covid, um povo que tem sofrido com altos preços e com a fome, um povo que perdeu direitos trabalhistas e previdenciários, etc. Nosso povo, nossa gente. Esse povo que está agora parcialmente representado no governo de transição, e que também deverá ter voz nos ministérios e secretarias em 2023. Memória e justiça, por esse povo, por todes nós, é o caminho para que de fato tenhamos orgulho da nossa jovem República.
Uma República que nasceu ameaçada por golpes, que sempre alternou entre ditaduras e democracias rasas, agora precisa caminhar para um lugar onde a soberania esteja posta, onde a dignidade seja servida. Um país de todos, como dizia o lema do primeiro governo Lula. Um país de todos.