Houve um tempo em que a igreja evangélica brasileira acreditava que o pai da mentira era o diabo. Os “crentes” (como muitos são chamados até hoje) gozavam de boa reputação. Pastor era sinônimo de “sujeito íntegro”. Naquele tempo passado ainda existiam igrejas que pregavam contra a fofoca e a disseminação de mentiras. Isso era tema de estudos, congressos e artigos em revistas eclesiásticas.
Houve um tempo…
Hoje tudo mudou. A igreja evangélica brasileira não só aderiu à mentira como recurso argumentativo, como a prática começou a ser celebrada. Mais que celebrada, defendida. Sim! Vivemos um tempo em que pastores e líderes usam seus púlpitos e suas redes sociais para defenderem o “direito de mentir”. E chamam isso de “liberdade de opinião”. Mentem tanto que mesmo sabendo que o direito democrático de opinião é totalmente diferente de espalhar mentiras, insistem no erro. No caso, o erro dá muito dinheiro e poder.
As mentiras, contadas há anos e cabalmente “des-mentidas” continuam sendo propagadas como se fossem um mantra: “O PT vai fechar as igrejas!”, mesmo quando a história comprova que foi exatamente nos governos do PT o período em que a igreja evangélica mais cresceu no Brasil. Esse é só um exemplo. E muitas outras são contadas até hoje por esses mercenários da fé, gente que não tem compromisso nenhum com o Evangelho e, mesmo assim (ou talvez por conta disso), arrebanham milhares de pessoas em seus ministérios e milhões de dólares em suas contas.
Confesso que fico sem ação quando vejo um pastor desses, usando de todo seu talento e “dom” de pregação e convencimento para lutar pelo direito de mentir. É algo surreal, distópico, inimaginável. Abrem a Bíblia, leem que “a verdade vos libertará” e desandam a falar coisas que eles mesmos sabem não ser a verdade. Ora, se a verdade liberta, então sabem que seu discurso é opressor e termina em morte. Não são inocentes! Malafaias, Valandros, Valadões, Hernandes, Supremos Concílios e Convenções denominacionais são cúmplices do governo mais mentiroso que esse país já teve. E gabam-se de defender a tal “liberdade de mentir”.
Houve um tempo em que a igreja evangélica brasileira acreditava que o pai da mentira era o diabo. Hoje não acredita mais. Houve um tempo em que a igreja evangélica brasileira cantava “domínio e poder pertencem a Jesus”. Hoje essa mesma igreja diz que “chegou a hora da igreja ter o domínio e o poder”. Houve um tempo em que a igreja evangélica brasileira tentava ser igreja, tentava ser evangélica, brasileira ela nunca quis ser. Hoje ela desistiu de tentar. Viu que é mais fácil se vender aos falsos messias e tentar governar com ele.
Houve um tempo…