Como é de se esperar neste desgoverno, o projeto de destruição da nação caminha a passos largos. Todos os dias lidamos com alguma proposta, projeto ou afirmação que tem como único objetivo a devastação, o caos, a morte! Hoje (23), a “bola da vez” são os povos indígenas, com a tramitação na CCJ do PL 490, que na prática estabelece o caos nas demarcações de terras indígenas e ainda abre essas mesmas terras à exploração do garimpo. O resultado disso já sabemos de antemão: MORTE. Infelizmente, nenhuma novidade para um governo genocida que tem exatamente a extinção da vida e o estabelecimento do ódio e da violência como modo de autoafirmação e autoexistência.
Mas... O que esperar de uma nação que desde a invasão de suas terras existe a partir da opressão dos povos indígenas? E mais ainda, da conivência e conveniência da cristandade com o etnocídio e a imposição da conversão sobre os povos “primitivos”. A “Primeira Missa no Brasil” traz esse símbolo de forma inequívoca: a ideia perversa e diabólica do Cristo abençoando as atrocidades, a dominação, o extermínio, a tomada das terras.
E é aqui que a poesia de Renato Russo me invade...
Quem me dera ao menos uma vez que a cristandade reconhecesse seus erros do passado, e com isso refizessem o seu presente. Inadmissível uma “bancada cristã” apoiar um projeto desses, reafirmando a crueldade passada e mostrando que não aprendeu nada sobre a fé e muito menos sobre humanidade nesses séculos de existência. Mas não é de se espantar... Essa fragmentação e fragilização do povo indígena é um prato cheio para as agências missionárias destruidoras de culturas e de vidas, sob a alegação da “salvação das almas”. Cúmplices malditos dessa matança.
Quem me dera ao menos uma vez que a história realmente acabasse com o mito do descobrimento e nos fizesse perceber a crueldade das invasões, dos estupros coletivos, do etnocídio latente e potente pelas mãos dos colonizadores, da perversidade religiosa dos que abençoaram tudo isso.
Quem me dera ao menos uma vez que o Congresso Nacional não estivesse vendido aos interesses dos grileiros, garimpeiros e “agros pops”. “Que o mais simples fosse visto como o mais importante...”. Que a vida e a manutenção de uma cultura tão rica e ancestral nos fosse garantida como legado às gerações futuras.
“Quem me dera ao menos uma vez
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios
Não ser atacada por ser inocente...
Mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente!”
E consegui chorar...
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.