Luz, câmera, ação! A visita de Jair Bolsonaro a Guaratinguetá, no interior de São Paulo, onde foi à Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) – aliás, sua agenda só contempla bajulação à milicada – foi um espetáculo à parte.
O presidente alegórico só não arrancou as calças e pisou em cima. De resto, o chilique foi completo, com gritos, olhar fulminante, cara vermelha, palavrões e intimidações.
O simulacro tosco de Pinochet já chegou dando coices, falou suas idiotices sem pé nem cabeça com aquela cara de impaciência, mandou seu séquito de puxa-sacos calar a boca e perdeu totalmente o controle quando foi questionado por uma repórter da afiliada da TV Globo no Vale do Paraíba.
O ódio do sujeito é tanto, que antes mesmo da pergunta ele já começou a provocar e ofender a profissional e a emissora carioca. Numa segunda tentativa de questionamento, agora sobre uso de máscara, Bolsonaro soltou a franga e disparou palavrões e acusações à jornalista e à imprensa, culminando com um "cala a boca", numa das tentativas de intervenção da repórter. Arrancou a proteção do rosto de forma irascível, como um louco, dizendo que ele vai onde quiser, da forma que quiser e que usa a máscara se quiser. Só faltou se proclamar o dono do Brasil.
Minutos antes, na sua chegada à cidade, o brucutu já tinha sido chamado de genocida por populares. No fundo, isso é o que vem tirando o restinho de autocontrole que Bolsonaro ainda mantinha.
Ontem, seu rosto, com as inscrições "Genocida" e "Cadeia", foi estampado na Tower of London, na capital do Reino Unido. O Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia, na Holanda, já vem se manifestando sobre a análise de várias acusações de genocídio imputadas ao incivilizado e bárbaro governante brasileiro.
Bolsonaro está cada dia mais descontrolado. Agora, quer que o STF autorize a Justiça Militar a processar e julgar civis que ofendam as Forças Armadas. Tenta, reiteradamente, usar a mofada Lei de Segurança Nacional, herança pútrida da Ditadura Militar, para intimidar e calar jornalistas. Ele age em 2021 como um déspota qualquer das ditaduras sul-americanas dos anos 70.
Mas o caminho é esse mesmo. Deixar o cabrito berrar, pois afinal, a gritaria do cabrito nunca o livrou do abate.
Grite, Bolsonaro… Grite! Mas não esqueça que Haia é logo ali.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.