Em editorial nesta terça-feira (23), a Folha de S.Paulo confirmou o que qualquer pessoa com um pouco de discernimento político sabia desde 2018: os banqueiros apoiaram a eleição de Jair Bolsonaro por acreditar na agenda liberal que seria imposta pelo "posto Ipiranga" Paulo Guedes e pela rejeição ao PT.
"É fato bem documentado que os mercados, em especial os financeiros, reagiram favoravelmente à vitória eleitoral de Jair Bolsonaro em 2018, seja por crença na agenda reformista liberal por ele abraçada de última hora, seja por rejeição ao programa do adversário petista, Fernando Haddad", diz o jornal da família Frias, ao analisar a carta de empresários e banqueiros que "mostra o isolamento crescente de Bolsonaro".
Apesar da carta que denuncia "sem meias palavras a inépcia, a negligência e a sabotagem às políticas sanitárias" e da nomeação do "quarto ministro da Saúde durante a pandemia", a Folha sinaliza que a opinião do "mercado" pode mudar.
"Bolsonaro mantém chances de se fortalecer com o avanço da vacinação, a recriação do auxílio emergencial e alguma retomada da economia. Ironicamente, ele próprio é o maior obstáculo a tais melhoras", diz o texto.
Guedes
Em sua coluna no Estadão, Sonia Racy diz que ouviu alguns signatários e faz questão de ressaltar que a carta "não tem intenção de afastar Paulo Guedes".
"Há quem esteja aproveitando para usar a carta e sugerir a demissão de Paulo Guedes. Mas mesmo os economistas que não concordam com a gestão do ministro, segundo se apurou, alertam para a realidade: em nenhum momento algo perto disto consta da missiva", diz, enfaticamente, o texto.
Segundo a colunista, o que "existe na carta" é um movimento "contra a barbárie", colocando a informação na boca de um dos economistas que assinam o texto. “A carta é carta de economista, com muita… nota de rodapé”.
Como se o desemprego e a deterioração da qualidade de vida dos brasileiros não fosse também reflexo das políticas liberais aplicadas a partir do golpe de 2016, mídia liberal e banqueiros dão as mãos e insistem em um "bolsonarismo sem Bolsonaro" - ou seria um "neo-guedismo" - e na mentira para manter a espoliação do Brasil e dos brasileiros. Mesmo diante de quase 300 mil mortos.