Por Daniel Valença *
O discurso de Lula hoje foi potente, emocionante, mobilizador, como nos velhos tempos. Sem dúvidas, ao lado dos eventos dos últimos dias, foi um pavimento a mais para a alteração da correlação de forças no país.
Lula focou sua fala nas condições de vida do povo brasileiro, na perda de qualidade de vida, no ataque aos direitos. É a trabalhadora sem emprego; é o trabalhador sem comer carne nem cozinhar a gás. É o retorno da fome, do aumento da miséria e pobreza.
Lula também bateu no genocídio provocado pelo governo Bolsonaro, na naturalização das quase 300 mil mortes por Covid-19. Disse que Bolsonaro destruiu tudo, até o Zé Gotinha.
Defendeu o SUS, o Estado brasileiro, a soberania, a Petrobras, o absurdo que é produzirmos petróleo e o preço do combustível variar em função do mercado internacional. Apontou que não teria problemas com o mercado, mas o colocou seu devido lugar: "eu espero que o mercado seja sempre contra mim, e o povo a favor, seremos maioria".
Lula também foi firme na denúncia dos crimes praticados pelos agentes da Lava Jato, Dallagnol, Moro, pela participação da mídia e da Globo em sua prisão, no golpe de Estado de 2016.
A fala de Lula, por fim, foi implacável na oposição ao governo Bolsonaro. Mostrou que o momento exige uma oposição firme, decidida, sem pestanejar. Disse com todas as letras: a) não dá para Bolsonaro continuar governando, matando gente e vendendo nossas empresas b) assim que tomar a vacina viajará pelo país.
Para bom entendedor, meia palavra basta: a) para salvar vidas, precisamos derrubar o governo Bolsonaro; b) para consegui-lo, não basta ação virtual, tem de ter luta política real nas ruas.
A Jararaca voltou. Com seus acertos, suas contradições, sob o agora recorrente assédio da direita para puxá-lo para o centro. Mas, uma coisa é certa: a luta política no país mudou de patamar e temos de dobrar os nossos esforços na defesa da vacinação em massa, do auxílio emergencial, das políticas públicas e da soberania brasileira, e, acima de tudo, do Fora Bolsonaro.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.