O caso da mulher que xingou Bolsonaro e foi detida se transformou no caso da “noivinha de Aristides”, a pretexto de que esta teria sido a injúria proferida, em alusão a um suposto caso homossexual, no passado de Bolsonaro.
Lamentavelmente, parte da esquerda e da oposição resolveu aderir à lacração e aos memes homofóbicos e machistas com as justificativas que conseguem ser quase piores que o ato.
Justificar a piadinha homofóbica com a tese de que “ele começou primeiro”, “ele merece” ou pior “isto pode tirar votos dele” é tão baixo e mesquinho, quanto tacanho na análise.
O fato grave ocorrido é a prisão da mulher, supostamente, pelo crime de injúria.
Esta prisão, por si só, revela um perigoso arbítrio que, pode sim, ser a senha para delírios autoritários e fascistas deste que ora ocupa a presidência da República.
É isto que deveria estar em pauta: os entulhos do Código Penal e os limites do poder das autoridades constituídas e não a reverberação do comentário de banheiro masculino da pior espécie.
É muito triste, mas, sinceramente, não é surpreendente que parte destes segmentos da oposição (progressista?), que resolveu amplificar a piada de mau gosto e olvidar a prisão, tenha sido a mesma que relativizou a aprovação da lei antiterrorismo, durante o governo petista.
(Há muito de punitivismo encalacrado.).
Por isto e por muito mais, é preciso dizer e lembrar com todas as letras - para todos e todas que realmente querem construir um mundo mais justo, humano e inclusivo - que ofensa (ou piadinha) machista, homofóbica, transfóbica, racista é inadmissível.
E mesmo quando dirigida contra os nossos adversários e inimigos continua sendo machismo, homofobia, transfobia e racismo .
(Deveria ser óbvio, não?).
Não há e não pode haver meio termo nesta questão.
Não dá para aceitar.
Os fins NÃO justificam os meios. Principalmente, quando os meios deturpam os fins e os comprometem.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.