Tenho aqui para mim que Moro tirou votos da tal da terceira via e não de Bolsonaro. Ou seja, se consolida como o terceiro. (Aliás, devíamos desde já consolidar esta definição para as terras brasilis: “terceira via é aquela que sempre acaba em terceiro lugar”).
Moro não tem nada a apresentar a não ser a fama de justiceiro kid que já caiu por terra porque o seu antagonista mor não só foi liberado como está em primeiro lugar nas pesquisas.
Qual vai ser o slogan de campanha de Moro? “Teje preso, Lula?”.
Não vai funcionar, né?
Por mais que ele possa querer discutir firulas jurídicas - como apetece à gente desta área - ela não faz cócegas nem na classe média outrora seduzida pelo “cansei” e muito menos nos trabalhadores desuberizados e das massas na fila do osso.
O suposto combate à corrupção não melhorou a vida concreta e nem há provas de que ela foi sepultada mesmo para os mais crédulos. Há sempre o fantasma de Queiroz, da rachadinha e, especialmente, do hacker de Araraquara.
Quanto à pauta econômica - que ele domina tanto quanto seu antigo chefe no Palácio do Planalto -, sua campanha não pode apresentar nenhuma saída fora da ortodoxia econômica, do financismo e da subserviência internacional que minore a miséria, a carestia e o empobrecimento dos setores médios.
Ou seja, Moro é um candidato fraco em forma e conteúdo. Seu teto só supera os dez por cento se Bolsonaro for tirado da jogada por uma manobra jurídica.
Mas, lembremos que se Bolsonaro pode não ter a salvaguarda jurídica, ele sempre teve o poder miliciano.
Minhas hipóteses, modestas, aqui:
Quem deve se preocupar com Moro é Ciro e o PSDB.
Quem deve se preocupar com Bolsonaro e suas hostes é Moro.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.