Somos 2,2 milhões na educação básica brasileira, em 180 mil escolas públicas e privadas. Somos 206.454 nas universidades estatais ou particulares. No Estado do Rio de Janeiro, somos 185 mil desde o ensino infantil (101 mil no fundamental e 44.347 no médio). Na rede municipal carioca somos 38.350 no ensino/aprendizagem para 638 mil estudantes.
Esses números se repetem, proporcionalmente, por todo o Brasil. Uma grandeza!
Ser professora ou professor é professar: declarar, afirmar, ser convicto – sem pretensão a dono da verdade. Saber o que faz – guardião da dúvida! - e gostar de fazê-lo.
É descobrir-se como classe trabalhadora, junto com os demais profissionais da Educação, e lutar, organizadamente, em sindicatos cidadãos, por dignidade – essa sempre tão aviltada por sucessivos governos e patrões, mercadores do ensino.
Ser educadora ou educador é viver docentemente. Tirar de cada experiência vivida um aprendizado. Mudar sempre, para melhor. E, seguindo a lição do mestre Paulo Freire (1921-1997), fazer permanente releitura do mundo, desvelando suas contradições e possibilidades.
A sociedade não é só de professor@s, claro. Mas sonho nossas cidades como grandes salas de aula, cidades educadoras onde tod@s aprendamos com suas perversidades e encontros, rejeições e acolhidas. Cidades pedagógicas cujas administrações respeitem, com primazia, inclusive salarialmente, os profissionais do seu sentido, que são tod@s aquel@s que educam.
Antigamente se dizia “Dia do Mestre”. Pois ser mestra (como Teresa d´Ávila, da espiritualidade celebrada em 15 de outubro) ou mestre é bem mais que ganhar flores no seu dia: é “esperançar”. Anunciar o sol da inteligência, mesmo como pequeno raio, em meio às nuvens pesadas do atraso, da truculência, do ódio, da anticiência. O presidente João Goulart, que não agredia os valores republicanos, reconheceu oficialmente o caráter público da data, em 1963.
Ser pedagog@ é um pouco como ser parlamentar: convencer pelo argumento, ter retórica sincera. E fazer o que poucos parlamentares, inclusive os bons de oratória, fazem: frequentar um curso permanente de “escutatória”. Estimular o alunado a dizer sua palavra e seus desejos.
Dia da professora – a profissão é predominantemente feminina – e do professor é dia de reconhecer, mais uma vez com Paulo (e Marias, e uma multidão de anônimos), que “a educação não muda a sociedade, mas muda as pessoas, e essas transformam o mundo.
**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.