A Guedes falta tudo, inclusive criatividade. Seu neoliberalismo retrógrado não tem acolhimento nem mesmo entre seus pares neoliberais.
Com o fim do auxílio emergencial e o aumento de contágio e mortes por Covid-19, a desigualdade no Brasil pode voltar aos patamares da década de 1980, a década perdida.
E o que Guedes quer propor? Ampliar a desigualdade, beneficiando patrões e retirando mais direitos dos trabalhadores com o contrato Verde e Amarelo. A proposta velha amplia isenções fiscais para empresários e reduz benefícios aos trabalhadores. O Fórum Sindical já abordou o assunto aqui e aqui.
Recordemos a análise do Dieese: é uma “bolsa-patrão” e “tem potencial para aumentar o desemprego e a precarização”. Seus dispositivos estimulam ainda mais a rotatividade, e amplia os efeitos negativos para a saúde e segurança do trabalhador.
O Brasil tem hoje 6, 8 milhões de trabalhadores vivendo de seguro-desemprego e o contrato Verde e aAmarelo onera esses trabalhadores exigindo que paguem a previdência.
De olho no Congresso
Neste 2021, Guedes mira o Congresso para repetir o que fez em abril do ano passado: em plena pandemia o Congresso aprovou a MP 905. A Central Única dos Trabalhadores - CUT e as demais centrais fizeram uma intensa campanha junto ao Senado contra a MP 905, apelidada pelos sindicalistas de MP da "Carteira da Escravidão".
Diante da eleição para a presidência da Câmara e Senado, Guedes usa da imensa massa de trabalhadores em situação de vulnerabilidade, situação provocada pela política econômica de Guedes, que a pandemia apenas agravou, para forçar a aprovação do contrato Verde e Amarelo.
A mídia financista aborda o tema sem qualquer crítica, ao contrário, com um viés totalmente favorável à proposta. Os jornalões vendem o contrato Verde e Amarelo como um "regime simplificado de contratação", como se o problema do desemprego no Brasil fosse a burocracia. De acordo com o Estadão: "Trata-se de um regime simplificado de contratação sem encargos trabalhistas e impostos, como a contribuição previdenciária".
Num país onde a aposentadoria (depois da reforma da previdência do governo Bolsonaro) ficou mais distante do horizonte do trabalhador, patrão não contribuir de modo solidário com a previdência, para a mídia financista, é "desburocratização".
O argumento de Guedes é o mesmo do governo Temer quando usou intensa campanha midiática para aprovação da reforma trabalhista, que ceifou cerca de 100 artigos da CLT: "empregabilidade em massa".
Quatro anos de golpe nos mostraram que o argumento é uma falácia. A reforma trabalhista só gerou mais desemprego, precarização do trabalho, ampliou a desigualdade social e jogou o país na depressão econômica.
Nossa luta é pela vida e por trabalho decente
Há recursos para bancos que acumulam ano a ano bilhões de lucros e continuam demitindo abusivamente durante a pandemia, mas não há para auxiliar os trabalhadores num período onde a pandemia amplia o contágio e o número de mortos?
Nossa pauta no Congresso deve ser o retorno do auxílio emergencial, a exigência de um cronograma efetivo para a vacinação em massa, com o SUS contando com recursos efetivos, e políticas públicas de geração de trabalho decente.
Sem estas medidas concretas o Brasil não retomará o crescimento econômico.
A cantilena retrógrada do ultraneoliberalismo de Guedes, que não encontra apoio em nenhum lugar do mundo, com privatizações, sucateamento do SUS, ataque aos direitos só ampliará a recessão econômica e o número de mortos.