- Ingrediente Farmacêutico Ativo – IFA – um novo termo que passa a fazer parte de nossas análises em tempos de pandemia e corrida mundial por vacinas. O material, nomeado em inglês como Active Pharmaceutical Ingredient, é a base ou a “liga” das vacinas. Sem ele não há vacina. Em um planeta de bilhões de pessoas precisando ser vacinadas, o IFA virou ouro, a demanda para sua compra é gigantesca e seus maiores fornecedores vêm da Ásia: China e Índia. Andei lendo a imprensa asiática e percebi que a exportação do IFA é tema quente na disputa por liderança regional que marca hoje a relação entre Índia e China. A imprensa da Ásia comemora o aumento em 18% das vendas do material pela Índia em 2020 após o “Ocidente” retaliar a China por uma suposta negligência com relação ao surgimento do coronavírus em Wuhan. É a narrativa do “vírus chinês” interferindo no mercado de fármacos e beneficiando a Índia, embora quando olhamos os números vemos que a Índia importa grande parte do IFA que revende da própria China. É como se para uma parte do Ocidente, presa em uma narrativa anti-China, fosse mais “limpo” comprar da Índia. Enfim, uma grande guerra comercial em curso e um grande esforço indiano para potencializar sua já grande (terceira do mundo) indústria farmacêutica. Fato é que neste momento o Brasil depende completamente da chegada desse material para que o Butantan e a Fiocruz possam prosseguir na fabricação das vacinas que imunizarão a população brasileira.
- O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, enfrentou e venceu ontem (18) mais uma votação de moção de confiança na Câmara dos Deputados do país. A votação prossegue hoje no Senado. Entre deputadas e deputados o resultado ficou em 321 contra 259 pela manutenção do governo de Conte. Foram 27 os que se abstiveram de votar. Apoiando Conte estão os partidos Movimento 5 Estrelas, PD – Partido Democrático e o Livres e Iguais. Na oposição votaram os partidos Itália Viva e os mais à direita: Liga, Irmãos de Itália e Força Itália. A crise foi causada pelo rompimento do ex-premiê e hoje senador Matteo Renzi, líder do partido Itália Viva, que semana passada anunciou a saída de duas ministras de seu partido do governo de Conte, a ministra da agricultura, Teresa Bellanova, e a da Família, Elena Bonetti. Com as saídas, a coalizão governista deixou de ter maioria no parlamento. A desavença gira principalmente em torno de como a Itália vai aplicar os 200 bilhões de euros concedidos pela União Europeia, dentro do plano aprovado para a recuperação econômica do bloco. Segundo Renzi, o plano está centralizado nas mãos de Conte e com pouca possibilidade de participação dos outros partidos nas decisões. O partido de Renzi, o Itália Viva, é uma dissidência do Partido Democrático e teve 3% de votos nas eleições de 2018. A ação de Renzi deixou Salvini animado com a possibilidade de convocação de eleições antecipadas.
- Mesmo num ano pandêmico como o de 2020, o balanço final do PIB chinês foi positivo e na casa dos 2,3% de crescimento econômico. No primeiro trimestre de 2020, quando o país era o epicentro do surto por um novo tipo de coronavírus, sua economia chegou a cair 6,8%. Mas a recuperação veio nos trimestres seguintes, com mais força no último (6,5%). Somente a produção industrial registrou um avanço em 2020 de 7,3%. O anúncio foi feito pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China, ontem (18).
- Acontecerá amanhã (20) a posse do novo presidente dos EUA. Os democratas Joe Biden e Kamalla Harris assumirão seus mandatos dentro de um esquema de segurança não muito comum nas últimas posses presidenciais dos EUA. Ruas e avenidas fechadas, um muro de quatro metros envolve o capitólio, e uma presença massiva da Guarda Nacional, polícia local, agentes do Capitólio. Fala-se em um contingente de 25 mil integrantes da Guarda Nacional, número maior do que as tropas americanas hoje posicionadas no Iraque e no Afeganistão juntas. O presidente Trump não estará na cerimônia. Ele deixará Washington ainda hoje rumo ao seu resort de Mar-a-Lago, na Flórida. Entre as suas últimas ações, houve uma liberação, ontem, para entrada de viajantes nos EUA, incluindo o Brasil, apesar da atual gravidade da pandemia, a partir do dia 26 de janeiro. Logo que saiu tal resolução, a porta-voz de Biden anunciou que essa medida será revogada e que na verdade as restrições de entrada no país serão aumentadas diante da crise do coronavírus ainda em alta, com uma média de quatro mil mortos por dia no país. Também é aguardada a lista de indultos de Trump como último ato na presidência.
- O Peru se prepara para eleições em abril. A presidente do congresso peruano, Mirtha Vázquez, anunciou ontem (18) um protocolo sanitário para vigorar durante a campanha e o pleito. O Peru ainda é um dos países mais atingidos pelo coronavírus na América do Sul. Mirtha assumiu a presidência do parlamento logo que o então presidente Francisco Sagasti assumiu a presidência do país, dado o vácuo político deixado pelo impeachment de Martin Vizcarra e a renúncia de Manuel Merino. Ela era vice-presidente na chapa que elegeu Sagasti. As eleições no Peru vão acontecer em 11 de abril. Se houver 2° turno será em 6 de junho. Serão eleitos o presidente, dois vices, 130 parlamentares e cinco parlamentares andinos para o período que vai de 2021 a 2026. Uma última pesquisa Ipsos aponta que ainda há indefinição em 25% do eleitorado peruanos sobre o candidato em que votarão. As intenções de voto aparecem assim: George Forsyth (ex-jogador de futebol, partido Vitória Nacional) com 17%, Keiko Fujimori (filha de Alberto Fujimori, candidata pela terceira vez, partido Força Popular) com 8%, Verónika Mendoza (psicóloga/antropóloga de esquerda, partido Novo Peru) com 7%, Julio Guzmán (economista/centrista, Partido Morado) com 7%, e Daniel Uresti (militar aposentado, partido Podemos Peru) com 6%. O Peru está neste momento vivendo uma greve de médicos e profissionais da área de saúde. Os hospitais estão em colapso, com falta de oxigênio e leitos de UTI, semelhante ao que ocorre em Manaus. O país conta com quase 40 mil mortos pelo coronavírus.
- O Chile também terá eleições presidenciais, mas em novembro de 2021. Ontem foram anunciados novos “sondeos”, sondagens de opinião pública, pelo instituto Cadem. O comunista do PCChileno, Daniel Jadue, divide a liderança nas preferências espontâneas do eleitorado com Joaquín Lavín da UDI, com 7% cada. São seguidos por Evelyn Matthei, 4%, Sebastián Sichel, 4%, José Antonio Kast, 3%, e Pamela Jiles (2%). No entanto, a aprovação de Jadue caiu de 47% para 39% e quando perguntados sobre quem acreditam que será eleito, os números apontam 15% para Lavín, contra 6% de Jadue. Foram feitas questões também sobre a nova candidata, Paula Narváez, do PS, ex-ministra de Bachelet que apareceu com 30% de aprovação. Piñera aparece com aprovação de 17% e desaprovação de 72%. Jadue pode ter sido atingido pela exploração midiática do assim chamado “caso Luminarias”. Trata-se de uma investigação que está sendo feita nos contratos de iluminação pública em vários municípios e um deles é o da Recoleta, governado por Jadue. Embora não exista nenhuma prova de corrupção cometida pela administração, a imprensa chilena está explorando o caso para diminuir a aprovação do comunista. Outro destaque do momento na corrida presidencial é a candidatura Paula Narváez, que foi ministra no segundo governo Bachelet e funcionária da ONU Mulheres hoje em dia. Narváez é da esquerda do partido socialista e herda o legado de Bachelet.
- Além das presidenciais, o Chile terá no dia 11 de abril a eleição das/dos representantes constituintes. Eles farão a elaboração da nova Constituinte do país. No mesmo dia, os(as) chilenos(as) votarão para governadores regionais, prefeitos e vereadores. Serão quatro cédulas. Estão inscritas 101 chapas, sendo 79 delas para constituintes. Cada uma dessas listas será correspondida a uma letra do alfabeto e a combinação das letras define o voto do cidadão.
- Chegam notícias de que a Índia vai começar a exportação de sua vacina, mas o Brasil ainda não consta da lista de países receptores das doses dos imunizantes. Estão lá na lista Bangladesh, Butão, Ilhas Maldivas, Nepal, Mianmar, Sri Lanka, Afeganistão e Ilhas Seychelles.