Morreu neste domingo (17), em uma prisão estadual no estado da Califórnia (EUA), aos 81 anos, o produtor musical Harvey Philip Spector, conhecido por todos como Phil Spector, uma das maiores lendas da música pop do século passado.
Condenado em 2009 a 19 anos de prisão por matar, em 2003, a atriz Lana Clarkson, em sua mansão, nos arredores de Los Angeles, Spector morreu negando o crime.
Culpado ou inocente, o fato é que o produtor foi responsável por várias façanhas musicais, entre elas acabar de estragar o já canhestro álbum “Let It Be”, dos Beatles, “a pior carga de merdas mal gravada”, segundo palavras do próprio John Lennon.
Sua projeção na música começou no final da década de 50, com o lançamento do grupo feminino The Ronettes, que contava com a sua então esposa Veronica Bennett (também conhecida como Ronnie Spector).
A canção "You've Lost That Lovin' Feeling", de 1965 produzida e coescrita por ele para os Righteous Brothers, é listada pelo Broadcast Music (BMI) como a música que mais vezes tocou nas rádios dos Estados Unidos no século 20.
Spector é reconhecido como um mago dos estúdios. Ele voltou a trabalhar com os Beatles em separado e fez, entre outros, o álbum “Imagine”, de Lennon. Produziu também, o que talvez tenha sido a sua obra-prima, o álbum “All Things Must Pass”, de George Harrison.
A partir de um material primoroso – as canções de George rejeitadas por Paul McCartney e Lennon nos tempos dos Beatles – Phil deitou e rolou durante as gravações no que seria a sua marca registrada, a wal of sound (parede sonora).
A técnica consistia em gravar inúmeras vezes vários instrumentos até formar uma massa sonora compacta. Impossível imaginar o que seria do álbum se fosse produzido por George Martin, o quinto beatle, com uma tendência maior aos sons mais claros e ao barroco.
O fato é que o resultado final é inovador em vários sentidos. As canções se distanciam um tanto do som do quarteto de Liverpool. De acordo com depoimento do próprio Spector, George estava com gana de gravar sem a sombra dos ex-companheiros e, ao mesmo tempo, obcecado pela perfeição.
Juntou, portanto, a fome com a vontade de comer e o resultado é um dos maiores álbuns de rock de todos os tempos.
Em 2013 foi lançado o filme “Phil Spector”, de David Mamet, com Al Pacino no papel do produtor. Longe de ser um musical, o longa se limita a contar o processo de julgamento e a relação dele com a advogada Linda Kenney Baden (Helen Mirren).
A morte melancólica de Phil Spector, um dos grandes magnatas da indústria da música, rendeu algumas notas no mundo todo, sobretudo em jornais especializados e congêneres aqui e ali. Os discos que produziu, no entanto, assim como a imensa maioria dos grandes artistas, merecem muito mais atenção do que a sua vida.