Para quem não sabe, no último dia 12 de janeiro, o governador em exercício, Claudio Castro, sancionou a Lei nº 9.177 em que declara a Bíblia patrimônio cultural e imaterial do Estado do Rio de Janeiro. Sim, o livro que conta a história do povo judeu e anuncia o messias Jesus Cristo, escrito há séculos, e portador da chamada tradição judaico-cristã, agora é um patrimônio cultural e imaterial do povo fluminense.
Pus-me a pensar o que, de tão importante, há no livro que demonstre a força da cultura do povo do Rio de Janeiro e, comovido, proponho então ao Excelentíssimo Governador em Exercício, valendo-me das lições aprendidas no excelente filme nacional “Narradores de Javé”, algumas modificações no livro sagrado dos cristãos, para uma melhor conformação com o título que acaba de receber.
E como é bom começar do começo, que tal o Jardim do Éden ser no Jardim Botânico? Tem tudo a ver, pois depois de um tempo os pecadores são expulsos de lá, sendo um espaço ocupado então somente pela divindade, seus anjos e a serpente, que curiosamente, não foi expulsa. Saindo dali, e revoltados com a divindade, os seres humanos ficaram no entorno e criaram a Rede Globo, pra divulgar as ideias contrárias a Deus, à família e à propriedade.
O livro dos Juízes seria provavelmente dividido em duas grandes partes: a primeira contando dos juízes que seguiram Bretas, o Mesquinho – essa parte conta a história dos magistrados fluminenses que queriam fechar com o governo de Bolsonaro, o Horrível. É uma história ainda em construção. A segunda parte contaria a história de como as milícias tomaram conta do Rio, ameaçando e assassinando juízes e mais quem se colocam em seu caminho.
Nos Evangelhos, algumas mudanças seriam interessantes. Jesus pode nascer em Maricá (sim, ele nasce numa cidade desprezada, mas é de lá que pode vir um bom exemplo), depois vai morar na Lapa, onde se torna amigo de boêmios e das mulheres oriundas da Vila Mimosa, onde Martas e Madalenas nascem aos montes. Encontra Pedro em Copacabana vendendo mate e diz “Segue-me e eu te farei oferecer a água viva por onde você for”.
Faz o famoso Sermão do Monte no Arpoador, com direito a aplauso ao pôr-do-sol e tudo o mais. Jesus, negro e de dreads é preso pelo BOPE numa operação na Mangueira, onde tinha acabado de transformar 12 barris de água em chope da melhor qualidade e morre num “micro-ondas” de pneus, pelas mãos da milícia gospel abençoada por capitão Malafaia e seus assessores. No Corcovado.
Só não precisa mesmo, pra Bíblia ser patrimônio cultural e Imaterial do Estado do Rio de Janeiro, mexer no livro do Apocalipse. Já estamos sendo governados pelas Bestas. No Estado e no Planalto.
Maranata! Vem, Senhor Jesus!