No último domingo (2) a coluna do jornalista Guilherme Amado lançou uma nota comentando sobre as preferências de voto dos procuradores da Lava Jato, em Curitiba, um verdadeiro show de horrores, não do jornalista que fez seu trabalho, mas sim dos procuradores.
O texto se tratava do arrependimento dos procuradores que votaram (e fizeram campanha) para Jair Bolsonaro.
Os procuradores podem votar em quem quiserem, agora quando decidem deliberadamente "vazar" suas preferências políticas, isso não é um bom sinal. Uma ação claramente mal-intencionada e que visa fazer um realinhamento eleitoral, o que é muito grave em se tratando de ocupantes de cargos públicos com poder de afetarem negativamente as vidas de qualquer brasileiro.
E, em se tratando da Lava Jato e de todo o seu histórico como genitora do bolsonarismo e da detestável “nova política”, esse reposicionamento é um claro aceno para os extremistas desse país. É campanha, é o olho em 2022.
É algo do tipo: “olha, nós permanecemos os mesmos, a única diferença é que não gostamos mais do Bolsonaro. Por isso, se você ainda odeia o PT e ainda acredita nas coisas que o bolsonarismo defende, saiba que somos uma alternativa melhorada sem você abrir mão das suas convicções”.
O bolsonarimo naufragou, todo mundo sabe disso, daqui até 2022 serão meses de um governo fraco e frágil que só irá piorar. Porém não há o que se preocupar, a Lava Jato está aí para substituir tudo isso.
Em um país sério as preferências políticas de procuradores não deveriam ser manchete em jornais e procuradores não declarariam de maneira aberta seus votos em eleições anteriores. Pelo menos enquanto estivessem no MPF.
Tudo embalado pelo delinquente tweet do ex-juiz responsável pela operação que lançou um “viva a Lava Jato”.
Moro foi o juiz da vara federal de Curitiba, a imprensa durante anos espalhou de maneira irresponsável a ideia de que ele era o “juiz da Lava Jato”. Os promotores do MPF como Dallagnol e outros, eram da lava jato! Moro, não!
É o mesmo problema que apontei envolvendo a juíza Gabriela Hardt, que substitui Moro nos casos da Lava Jato. Não há distinção de quem julga ou acusa, na verdade acabam se tornando a mesma coisa. Se Moro tivesse esse comportamento apenas depois que deixou a toga, estaria tudo bem, mas não foi o caso. A mesma coisa para o MPF.
A matéria ainda termina com o jornalista ressaltando que ninguém afirmou que preferia ter votado no PT e que o arrependimento deles estava em não terem votado nulo.
É aí que notamos o pulo do gato! Vamos para a lógica simples, em uma eleição onde Bolsonaro está liderando, se você vota nulo, você está indiretamente elegendo o primeiro colocado.
Se votariam nulo, é porque não enxergam diferença entre Bolsonaro e Haddad, logo, eles potencializam a narrativa desonesta de alguns jornalistas e “analistas” políticos de que Bolsonaro e Lula/PT são faces da mesma moeda.
Com isso podemos concluir que não existe um arrependimento, como se discordassem completamente do bolsonarismo, talvez em partes. No máximo, sentem vergonha, mas se necessário fariam de novo.
Em tempo: É muito absurdo esse esforço desesperado da Lava Jato que busca se descolar do bolsonarismo. E esse esforço todo só mostra que eles reconhecem a relação entre a operação e a ascensão de Jair Bolsonaro. No fundo eles se responsabilizam pelo descalabro que o brasil está mergulhado.
Notem, o jornalista não tirou as declarações dos procuradores sob tortura ou qualquer outra circunstância semelhante. As informações foram passadas para o jornalista de maneira deliberada, com endereço e objetivo certos, influenciar a opinião pública.
Tivemos muitos dias entre 2018 e agosto de 2020. Por qual motivo fizeram essa declaração justamente agora que estão sob ataque e com a credibilidade em suspeição?
A Lava Jato é um partido político com agenda, candidatos, porém sem legenda. Seu primeiro candidato (Bolsonaro) deu errado e agora buscam um reposicionamento. Mas a agenda e os objetivos do partido seguem os mesmos.
É como o PMDB que mudou para MDB, o PP que mudou para Progressistas ou o PFL que virou DEM. Os mesmos quadros, a mesma linha de pensamento e os mesmos objetivos, porém mudaram e reposicionaram as suas marcas para escaparem do péssimo histórico e imagem perante o público que possuíam.