Por Reginaldo Lopes (deputado federal) e Cristiano Silveira (deputado estadual)
Governador,
A situação no Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, é gravíssima!
O despejo das 450 famílias que ali vivem e produzem significa colocar milhares de pessoas completamente desamparadas em meio a uma pandemia.
A PM já atacou as famílias com bombas, deixando pessoas feridas e agora impede a presença de médicos e remédios. Barrou até mesmo comida para as crianças!
Certamente, o senhor está bem informado da situação. No momento em que escrevo essas linhas, ela já deve estar ainda pior.
O Quilombo Campo Grande existe há mais de 20 anos e o Movimento dos Sem Terra (MST) alega que o despejo contraria acordo formado para a permanência das famílias, pelo menos, enquanto durar a necessidade do isolamento social.
Essas terras não pertencem a nenhuma família, é do Estado brasileiro, pois os antigos proprietários devem cerca de R$ 500 milhões aos cofres públicos. Elas foram ocupadas por trabalhadores de uma antiga usina que não pagou seus funcionários. Eles passaram a cultivar, entre outros produtos, café, milho, feijão, hortaliças, e construíram até a Escola Popular Eduardo Galeano, derrubada pela ação policial.
Não há sentido em atacar famílias e escolas, governador, principalmente, durante uma pandemia. Menos ainda de promover o caos e um massacre contra trabalhadores, trabalhadoras, idosos e crianças.
Peço sensibilidade e capacidade de diálogo ao governador do estado da liberdade e que valorize as vidas e à dignidade humana. É fundamental que o senhor emita um decreto suspendendo o despejo e que nomeie uma comissão para tratar o caso de maneira respeitosa e democrática. Não seja o responsável de um massacre totalmente evitável.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum