A verdade é que o governo Bolsonaro é o governo que o centrão sempre sonhou em chamar de seu e os militares, que nunca recusam uma boa farra com dinheiro público também.
A verdade é que o governo Bolsonaro é um governo frágil e sem sustentação alguma, com disposição para fazer qualquer coisa para se manter no poder, não importando inclusive o custo disso.
Ao longo do seu primeiro ano de governo, a sucessão de trapalhadas, atropelos e besteiras geradas pelo Palácio do Planalto e o estado de miséria à beira do impeachment fizeram que o apoio ao governo custasse caro.
Não deu outra, o centrão e o verde-oliva encontraram uma tempestade perfeita para chamar de sua. Em abril eu já apontava que as negociatas com o centrão não eram de iniciativa de Jair Bolsonaro, mas sim dos militares.
Não é por menos que militares e o centrão fizeram pressão para que Bolsonaro tirasse o general Pazuello do comando do Ministério da Saúde. Inclusive, Santos Cruz, que saiu da Secretaria de Governo no ano passado, era visto como um dos empecilhos para a entrada do centrão no governo. Um dos pouco militares que era contra a aliança.
Acontece que hoje o grupo conhecido como centrão verde-oliva está lado a lado no loteamento do governo, militares já ocupam mais de 6 mil cargos no governo federal e o centrão avança com voracidade pra cima dos mais de 30 mil cargos comissionados.
Com isso, fica claro que não existe a menor possibilidade de golpe comandado por quem quer que seja, para os militares está confortável assim, sem o ônus do dia seguinte ao golpe.
E aparentemente há que se preocupe mais com o lucro do que com a imagem da instituição que agora fica lado a lado com Roberto Jefferson e outras figuras controversas, na partilha de cargos e salários e que também disputam os gordos salários dos cargos comissionados do governo federal.
A ganância fardada certamente custará caro para a credibilidade da instituição que nas palavras do ministro Gilmar Mendes, ficará marcada pela associação a um genocídio e também pela aliança com o que há de pior na política nacional.
Arruaceiros, agitadores e delinquentes institucionais que fazem vídeos segurando armas e ameaçando os outros poderes da República, enquanto bradam de maneira desvairada contra a democracia.
E ainda há quem dentro da tropa, quando questionado, estufe o peito para dizer de fortalecimento da democracia.
Os militares precisam sentar-se no divã e decidirem o que querem, não dá para se comportar como político, ocupar cargo político e se envolver com política sem querer ser tratado como político. Se não sabem conviver com a crítica, comum na política, retirem-se, voltem para os quartéis e usufruam do sistema previdenciário militar mais oneroso do mundo.
Pagos às custas de milhões de contribuintes honestos e trabalhadores que sofrem os impactos diretos do descalabrado que se tornou a presença militar no governo.
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum