A onda de manifestações que estão vindo da periferia nas últimas semanas estão se tornando cada vez mais fortes pela saída de Jair Bolsonaro, o vice Mourão e todo projeto de retirada de direitos da classe trabalhadora e ataque à democracia. Em período de isolamento os movimentos populares encontraram uma nova forma de se manifestar: em pequenos grupos nas periferias, sem precisar se deslocar para um único espaço no centro da cidade. Na última sexta-feira (10), só a Central de Movimentos Populares (CMP) e União Nacional de Movimentos por Moradia Popular (UNMP), e outros movimentos filiados como o Movimento de Vilas, Bairros e Favelas (MLB), promoveram protestos em 20 estados; foram 94 ações nas associações de moradores, favelas, ocupações e, algumas, nas próprias casas de lideranças. Os protestos fizeram parte da Jornada Nacional pelo Fora Bolsonaro, que continuou no sábado (11) com a plenária nacional virtual Fora Bolsonaro, promovida por diversas frentes, partidos políticos, movimentos populares e segmentos que têm o Fora Bolsonaro como bandeira de luta.
As dezenas de manifestações de rua demonstram que a periferia entrou na luta pelo Fora Bolsonaro que, ao fazer descaso e mostrar desprezo pela saúde do povo diante da pandemia de covid-19 que se alastra pelo país, tem grande responsabilidade nas mais de 73 mil mortes e quase 2 milhões de contaminados. O governo Bolsonaro é responsável direto por este número de mortes alarmante, porque não construiu e nem construirá políticas públicas e medidas para a prevenção e contenção do coronavírus e nem para garantir que a classe trabalhadora consiga cumprir as medidas de isolamento social recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), pois a maioria do povo precisa sair de casa e enfrentar transporte público lotado para garantir o sustento da família.
O governo Bolsonaro não protegeu o país para a chegada do coronavírus, com isso, a mais prejudicada foi a população mais vulnerável que perdeu seu emprego e renda, tornando a situação ainda mais difícil que antes da chegada da covid-19. Os trabalhadores e trabalhadoras que tinham um pequeno negócio nas comunidades, que dependiam dele para o seu sustento e de seus familiares também foram penalizados. O governo Bolsonaro é voltado para os ricos, poderosos e barqueiros, não tem preocupação com as médias e pequenas empresas, porque seu compromisso é com os grandes empresários, com os donos do capital.
Contra a política ultraneoliberal, contra o racismo, o fascismo, a retirada dos direitos e em defesa da democracia, a periferia gritou alto nessa sexta-feira (10/07). Com a política de isolamento social, os movimentos populares, por meio da criatividade, encontraram novas maneiras de impulsionar a luta pelo Fora Bolsonaro. As manifestações ocorreram nas casas, comunidades, associações, conjuntos populares, ocupações, favelas, bairros das periferias, que reivindicaram direitos, protestando em pequenos grupos, usando cartazes, faixas, apitos, fazendo panelaços, pequenas aglomerações, sempre respeitando as regras do isolamento social. Além do mote Fora Bolsonaro, as manifestações também reivindicaram direitos como moradia, saúde, renda, alimentação, água e esgoto tratado.
Foi um grito de indignação e repúdio a um governo que abandonou a população sem emprego e afetada pela pandemia, com dificuldade de acesso à saúde e renda, sofrendo com a violência. O recado ao governo Bolsonaro foi dado: a periferia não vai parar de se manifestar até a retirado deste projeto de destruição da classe trabalhadora.
A criatividade e a solidariedade têm sido as grandes armas dos movimentos populares na luta contra os dois grandes males que assolam o país no momento: o governo genocida de Bolsonaro, que comete crime contra a vida e a dignidade humana e o coronavírus. As manifestações de protesto acontecem ao mesmo tempo em que as ações de solidariedade se multiplicam. Somado à luta por direitos, políticas públicas, Fora Bolsonaro, as periferias têm milhares de grupos promovendo ações de solidariedade, dentre os quais os ligados à Central de Movimentos Populares, que têm arrecadado e distribuído cestas básicas, frutas, legumes, verduras, produtos de limpeza e higiene, marmitex, produção artesanal de máscaras de proteção e sabão líquido.
O desprezo pela saúde do povo é flagrante, está totalmente claro a total ausência de políticas públicas voltadas para a saúde, sobretudo para a saúde da população mais empobrecida, que viu o coronavírus se alastrar rapidamente pelas comunidades, cortiços, ocupações e periferias. Mas o desprezo se faz em todas as outras áreas. Na Educação, por exemplo, o governo deu mais uma amostra do seu descompromisso ao nomear como ministro da Educação o pastor Milton Ribeiro que, inclusive, já defendeu castigo físico como forma de educação, contrariando o Estatuto da Criança e do Adolescente, que está completando 30 anos de existência, uma conquista dos movimentos sociais e populares.
A omissão se faz presente em todos os níveis e em todas as áreas, na questão da moradia não é diferente. O Programa das Nações Unidas para assentamentos Humanos (ONU-Habitat), em sua “Declaração de política do ONU-Habitat sobre a prevenção de despejos e remoções durante a COVID-19”, recomenda aos governos que adotem medidas emergências para atender às necessidades básicas de comunidades ou bairros vulneráveis, como alimentos, água, saneamento, higiene e cuidados primários de saúde, além de medidas específicas para garantir o direito à moradia adequada, como proibição dos despejos devido a atrasos de aluguel, suspenção de despejos forçados e fundos de emergência para reduzir a exposição a categorias de risco. Mas no Brasil nenhuma medida emergencial foi adotada, daí o alarmante número de óbitos que coloca o Brasil no vergonhoso segundo lugar em números de mortes e contaminação, atrás apenas dos Estados Unidos.
A CMP e suas entidades filiadas vão continuar com suas ações de solidariedade para mitigar o sofrimento da população vulnerável, mas vai também intensificar manifestações nas periferias pelo Fora Bolsonaro. Impeachment Já!
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum