OCDE diz que Brasil precisa investigar acusações de Moro se quiser ser membro

Segundo Drago Kos, presidente do grupo de trabalho sobre corrupção da OCDE, “nossos estados membros são muito, muito rigorosos ao discutir a adesão à OCDE”, por Ana Prestes

Moro e Bolsonaro - Foto: Marcos Corrêa/PRCréditos: Marcos Corrêa/PR
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- Algumas notas atrás eu falava aqui do desejo do governo Bolsonaro de colocar o Brasil no rol dos países participantes da OCDE. Tanto é que abriu mão, após reuniões de Bolsonaro com Trump, do tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento nas negociações da OMC. Algo que poderia fazer muita diferença para nós neste momento de pandemia global, por exemplo. Mesmo rastejando e abrindo mão de conquistas internacionais, o Brasil está sendo na prática enrolado pelos EUA no esforço que este pode fazer para o avanço do ingresso bolsonariano na OCDE e ontem pode ter havido mais um revés. Segundo Drago Kos, presidente do grupo de trabalho sobre corrupção da OCDE o Brasil precisa investigar as acusações feitas pelo ex-ministro Sérgio Moro de tentativa de interferência do governo na Polícia Federal. Segundo ele, “nossos estados membros são muito, muito rigorosos ao discutir a adesão à OCDE, por isso espero que o Brasil use isso como uma oportunidade. Mas, se as coisas não forem para o lado certo, nossos estados membros saberão como lidar com isso”. Ainda nas palavras de Kos, sobre o trabalho de investigadores no Brasil, a questão agora, a saber, é “quão livres eles estarão para fazer seu trabalho”.

- Segundo uma reportagem do El País, o Brasil já perdeu mais profissionais de enfermagem para o coronavírus do que Itália e Espanha juntos. Ao todo 73 trabalhadores da enfermagem já perderam a vida no Brasil. Cerca de 85% dos profissionais de enfermagem no país são mulheres. A maior parte das vítimas (41) tinha menos de 60 anos, uma tinha 29. A situação é tão grave, que para termos uma ideia, nos EUA, onde já houve mais de 70 mil mortos por covid19, 46 profissionais da enfermagem morreram, no Brasil, ainda não chegamos a 10 mil mortos e mais de 70 enfermeiras e enfermeiros já perderam a vida.

- Algo que eu já disse aqui nas notas, mas continua se confirmando, a situação de descontrole da pandemia por coronavírus no Brasil está assustando os países vizinhos. Matéria de ontem de O Globo, reporta várias reações dos países vizinhos à situação brasileira. A maior preocupação está no cone sul. Entre Argentina, Paraguai e Uruguai, por se tratar da fronteira mais próxima de São Paulo, que é o epicentro da pandemia no Brasil e também por serem os países com maior fluxo de pessoas, muitas cidades são binacionais. Eu já havia citado aqui a frase do diretor de Vigilância em Saúde do Paraguai, Guillermo Sequera: “se o Brasil espirra, nós pegamos pneumonia”. Um dos pontos mais sensíveis hoje é o comércio, pois o transporte de mercadorias continua ativo nas fronteiras. Segundo a pesquisadora Mônica Hirst, “há uma reversão de expectativa do que se esperaria do Brasil, um país que tem um peso muito grande na região. Isolar-se de um país pequeno, com quem se mantêm relações comerciais irrelevantes, é uma coisa. Isolar-se do Brasil por causa de uma ameação é muito mais difícil e custoso”.

- A cada dia vai ficando mais claro que a “Operação Gedeón” de ataque à Venezuela pela costa marítima do Caribe, na região de La Guaira, foi orquestrada por forças norte-americanas com colombianas. Segundo o presidente venezuelano, Nicolas Maduro, em anúncio na tv estatal, o governo do país sabia de tudo, “o que eles falavam, o que estavam comentod, o que não estavam comendo, o que estavam bebendo e quem os financiava”. Maduro está seguro de que a agencia norte-americana DEA está por trás da organização da operação. Segundo ele, o governo colombiano de Iván Duque foi cúmplice. Os treinamentos para a operação foram feitos em solo colombiano. O chanceler venezuelano, Jorge Arreaza, já havia compartilhado com a ONU evidências de que se planejava um novo ataque à Venezuela. O desbaratamento da operação por parte da Venezuela teve ares cinematográficos. Eram dois barcos, com o primeiro, em La Guaira, houve troca de tiros que resultaram em 8 mortos e dois detidos. Já o outro barco, encontrado em alto mar na região de Aragua, teve seus tripulantes capturados por pescadores venezuelanos e amarrados com fios de nylon ao lado de uma peixaria. Sobre o caso, Trump disse na terça (5), “acabei de ser informado, não tem nada a ver com o nosso governo”. O secretário de defesa, Mark Esper, também falou que a Casa Branca “não tem nada a ver com o que aconteceu na Venezuela nos últimos dias”. Um dos norte-americanos que pode estar envolvido na montagem da operação, Jordan Goudreau, aparece em foto próximo a Trump em 2018. Ele é fundador da empresa Silvercorp USA, que presta serviços em segurança privada e que teria sido contratada para organizar a operação Gedeón. Os dois americanos detidos, Luke Denman e Airan Berry trabalham para essa empresa. No dia de ontem (5), o secretário de Estado Mike Pompeo disse que a diplomacia americana está tentando repatriar os detidos. Para defender seu governo do envolvimento no caso, Pompeo disse: “se estivéssemos envolvidos, teria sido diferente”.

- A economia da zona do Euro pode cair 7,75% em 2020 e a da União Europeia como um todo 7,4%. Estas são as previsões divulgadas ontem (6) pela Comissão Europeia. A Itália sofrerá o maior baque, segundo o informe, com uma queda de 9,5%, seguida da Espanha com 9,4%. A dívida pública da Itália pode chegar perto dos 160% do PIB este ano, maior taxa desde a segunda guerra mundial. A Alemanha terá menos impacto, se comparada com os outros países, com 6,5%. O desemprego na zona do Euro pode chegar a 9,5% esse ano, sendo que em 2019 foi de 7,5%. Em toda a UE o desemprego deve chegar a 9%. Os países com forte dependência do turismo serão os mais afetados. Na Espanha o desemprego pode chegar perto dos 20%. Segundo o comissário europeu para Economia, Paolo Gentiloni: “a Europa está passando por um choque econômico sem precedentes desde a Grande Depressão. Tanto a profundidade da recessão como a força da recuperação são irregulares”.

- O Five Eyes Group, que reúne Austrália, Canadá, EUA, Reino Unido e Nova Zelândia, apresentou esta semana um relatório em que aponta a falta de evidências de que o coronavírus Sars-CoV-2 que hoje causa uma pandemia global tenha sido fabricado em um laboratório chinês. O relatório de 15 páginas foi anunciado pelo jornal Australian Daily Telegraph e acusa a China de ter escondido evidências do potencial risco pandêmico do novo vírus. O relatório foi mundialmente criticado por não apontar nenhuma descoberta e ainda aumentar a tensão com a China, em um momento em que é necessária a cooperação mundial em torno de respostas que possam salvar a humanidade desta pandemia.

- Ocorreu esta semana a primeira reunião virtual do ACT Accelerator (Acelerador do Acesso a Instrumentos para a Covid-19). A plataforma foi criada pela OMS com países e organizações privadas para acelerar o desenvolvimento de uma vacina e remédios contra o novo coronavírus. O projeto também visa facilitar o acesso global a novos remédios e kitis de testagem (infos do Nexo). Até agora já conseguiram arrecadar 45 bilhões de dólares para financiar os estudos e pesquisas. O objetivo do acelerador seria “salvar milhões de vidas, poupar trilhões de dólares e retornar ao mundo uma sensação de ‘normalidade’”. Governos dos EUA, Brasil, Rússia e Índia não estão participando, já Israel e Reino Unido estão. Já surgem várias críticas por parte de analistas e cientistas brasileiros pela não participação do Brasil na iniciativa.

- Começou ontem (6) e vai até o dia 15 de maio um plenário virtual com negociadores dos EUA e do Reino Unido. É o pontapé inicial para a construção de um grande acordo de livre comércio entre os dois países pós Brexit.

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