Escrevi, no calor da divulgação do vídeo da reunião ministerial, que aquela peça coesionava a base militante de Bolsonaro.
Alguns interpretaram tal análise como pessimista ou derrotista.
Dias depois, decantadas as reações, reafirmo o que disse na primeira impressão.
A divulgação do vídeo - nu e cru - coesiona, sim, a base militante e histérica que Bolsonaro sempre teve. Os seus 20%. E que já é muito considerando que são defensores da ditadura, da tortura e da aniquilação de quem pensa diferente.
20% de militantes hidrófobos é o suficiente para instalar uma ditadura. Ainda mais se o STF e o Congresso se mantêm omissos.
O Congresso, justiça seja feita, ao menos está negociando cargos e verbas para apoiar o governo despótico (sic). O STF - ao que se saiba - nem isto. Queda em profunda inanição e cada vez mais em acelerada desimportância institucional.
O único movimento desagregante, após a divulgação do strip-tease governamental, veio da Globo e da Folha de S. Paulo. Talvez, por terem lido nas entrelinhas que as verbas publicitárias, tão fartas nos últimos governos, iam minguar.
De outro lado, a reação vem dos investidores internacionais que já rotularam o Brasil como um risco pandêmico transnacional. O que significa fechamento de empresas e mortes, muitas mortes. Os aeroportos estão sendo fechados aos brasileiros.
São estas as reações que podem quebrar o pacto das elites em torno de Bolsonaro.
No campo da esquerda, merecem destaque as manifestações pujantes dos antifascistas que botaram pra correr os pitbulls da direita.
Pessimismo da inteligência, como nos ensinou Gramsci, é não dourar a pílula. É não edulcorar a realidade. Não subestimar o inimigo.
Entusiasmo da vontade é saber enxergar nos espasmos da contradição, sinais de luta e resistência!
Eles podem passar, se deixarmos. Mas, podemos e devemos resistir!
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum