Sem um candidato forte e inequívoco para disputar a prefeitura de São Paulo, já que o ex-prefeito Fernando Haddad não aceitou entrar na disputa, o PT vem há alguns meses realizando na cidade encontros municipais e debates entre sete postulantes: Alexandre Padilha, Carlos Zarattini, Eduardo Suplicy, Jilmar Tatto, Mãe Kika, Nabil Bonduki e Paulo Teixeira. A ideia era fazer uma grande prévia que mobilizasse a militância para que o candidato escolhido viesse ungido pelas bases. Fosse quem fosse.
No meio disso surgiu a crise do Coronavírus e, ao invés de manter o plano original e apostar no digital para inclusive dar um salto de qualidade na participação e envolvimento de seus filiados neste momento de quarentena, a burocracia do partido na esfera municipal decidiu fazer o inverso.
Definiu que na quinta-feira (30) os membros do diretório (apenas 46 pessoas) vão decidir pelo partido inteiro e vão escolher quem defenderá o legado do partido na cidade que já teve 3 prefeitos petistas.
Num momento em que todos os artistas estão fazendo lives, jornalistas realizando entrevistas por hangout, poetas fazendo saraus virtuais e empresas se readequando ao universo da internet mudando seus processos para vender produtos de maneira diferente, o PT vai no sentido contrário. Fará um encontro de cartas marcadas sem qualquer envolvimento das bases.
Em recente live de José Genoíno e José Dirceu, ambos foram duros contra essa manobra. Dirceu foi no âmago da questão, disse que ela só interessa às correntes partidárias que controlam o partido.
Nesta segunda-feira haverá uma reunião de Lula com os sete pré-candidatos para debater o assunto. Pessoas que estão acompanhando o processo eleitoral não esperam, porém, uma posição firme do ex-presidente contra o que classificam como um golpe. Lula tem evitado confrontar, em especial, Jilmar Tatto, que controla a maior parte dos membros da direção.