Com as graças do miliciano Fabrício Queiroz, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi o primeiro filho do clã presidencial a expor as vísceras da atuação da família nos porões da política.
O esquema de "rachadinha", em que participavam familiares de matadores da milícia do Rio de Janeiro - como Adriano da Nóbrega -, é apenas a ponta do iceberg dessa politicagem, que foi encoberta pela mídia e pela Fiesp em sua sanha de "tirar o PT do poder".
O pedido de exoneração de Maurício Valeixo do comando da PF, que vai arrastar Sérgio Moro do Ministério da Justiça - caso o ex-todo poderoso da Lava Jato não se humilhe ainda mais - acontece em meio a investigações da Polícia Federal, a mando do Supremo Tribunal Federal (STF), sobre a milícia virtual que propaga fake news e convoca atos golpista, pedindo o fechamento da propria corte, do Congresso, além da instituição de um novo AI-5 e de uma ditadura comandada por Bolsonaro.
Por trás dessas ações nas redes e nas ruas, estão os outros dois filhos de Jair: Carlos e Eduardo Bolsonaro. E as investigações, caso sejam concretizadas, chegaram definitivamente a eles.
Bolsonaro faz tudo para proteger os filhos. Já provou isso com Flávio e agora, com a pandemia do coronavírus, toma decisões na mesa de casa, com a prole doutrinada por Olavo de Carvalho dando as diretrizes do governo.
Carlos e Eduardo estão acuados com as investigações em curso, como é sabido aos quatro ventos. E querem freá-la a todo custo. E sabem que, pelos meios judiciais, isso não será possível.
Com Valeixo e Moro fora do governo, Carlos e Eduardo Bolsonaro assumem o comando do Ministério da Justiça e da Polícia Federal. O assunto foi tratado na mesma mesa onde o clã toma café e define os rumos da ditadura a ser implantada no país.
Bolsonaro, seguindo os conselhos dos filhos, já avisou o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Jorge Oliveira, para se preparar para assumir o Ministério da Justiça. Filho do falecido capitão do Exército e ex-assessor de Bolsonaro, Jorge de Oliveira Francisco, o ministro conhece Carlos e Eduardo desde os tempos que brincavam enquanto os pais articulavam os passos de Bolsonaro no Congresso Nacional.
No comando da PF, Bolsonaro não abre mão do nome do diretor da Agência Brasileira de Informação, Alexandre Ramagem. Segurança da campanha eleitoral, Ramagem se aproximou de Carlos Bolsonaro durante o episódio da facada desferida por Adélio Bispo que, em grande parte, foi responsável pela vitória de Bolsonaro. Ramagem tornou-se íntimo do clã e amigo pessoal de Carlos e Eduardo.
Moro e a República de Curitiba foram usados por Bolsonaro para levantar a bandeira contra a corrupção. Corrompidos durante a própria Lava Jato, agora perdem a serventia e dão lugar aquilo que Bolsonaro e os filhos sempre desejaram: a implantação de uma ditadura no país.