Trabalhadores da saúde do Hospital Municipal Tide Setúbal, em São Miguel Paulista, realizaram ato na manhã desta sexta-feira (17) em frente à unidade, que se tornou na segunda quinzena de março referência para atendimento de pacientes com sintomas de coronavírus, e vem sendo um dos principais focos na cidade de São Paulo de denúncias por parte dos profissionais de saúde.
Duas mortes de profissionais já foram registradas na unidade: a do auxiliar de enfermagem Eduardo Gomes da Silva e a do médico ortopedista Jaime Takeo Matsumoto, além de vários afastamentos.
Durante o ato, transmitido ao vivo pelo perfil do Facebook do Sindsep, profissionais mostraram uma capa de chuva, além de uma máscara – que o hospital recebeu como doação – em material poroso, que eles vêm recebendo nos últimos 10 plantões. Já a capa de chuva, utilizada ainda no plantão da última quinta-feira (16), foi comprado com o próprio dinheiro de profissionais da supervisão de Enfermagem.
“Vocês não são obrigados a trabalhar sem condições. Vocês não vão deixar de atender, mas estão buscando a segurança de vocês. Falta EPI nesse hospital. Uma chefia que deixa alguém exposto ao risco, que obriga um profissional trabalhar sem segurança é responsável pelo que pode acontecer com vocês ou aos familiares de vocês. Isso é a forma de tratar a periferia? Não há problemas em se ter equipamentos doados, mas de acordo com o que é exigido pelas autoridades sanitárias, pela OMS”, esclareceu o presidente do Sindsep, Sergio Antiqueira.
Por meio de faixas “não aceitamos capas de chuva”, “chega de enrolação, queremos proteção” e “queremos viver, queremos EPIs”, os profissionais de saúde deram seu recado ao governo municipal e à comunidade. Eles também reforçaram o apelo com o grito: “queremos EPIs” e uma salva de palmas.
Na sequência, dois funcionários da Enfermagem, que não participaram do ato, mas acompanharam tudo do outro lado da rua, vieram conversar com os diretores. Uma das funcionárias, bastante exaltada, que não se tratava de capas de chuvas e que os materiais haviam sido comprados com recurso particular dela e que se não estivesse satisfeito, o sindicaro deveria comprar os equipamentos de proteção individual aos funcionários. O presidente do Sindsep esclareceu que o governo municipal deve garantir os EPIs, por meio dos recursos públicos. Já o secretário de Imprensa, João Batista Gomes, lembrou das normatizações da Enfermagem e do papel que a servidora assume perante o erro de distribuir equipamento de proteção inadequado: “A senhora deveria honrar o seu juramento de enfermeira”.
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